Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Setor do frio: Cidade é líder na Europa

João Carrega - 28/04/2016 - 8:49

 O setor do frio em Castelo Branco tem empresas líderes na Europa. Numa altura em que a cidade quer reforçar uma área que já emprega cerca de 500 pessoas, governo, empresários, autarcas e investigadores discutiram a nova revolução industrial que está em curso.

Partilhar:

Governo, autarca e empresas apostados no setor do frio

 Castelo Branco tem condições para criar um cluster nacional no setor do frio. Uma indústria que emprega na cidade perto de meio milhar de pessoas, que tem das melhores empresas em termos internacionais, um dos mais conceituados laboratórios da Europa (ISQ) e que está decidida em se afirmar na nova revolução industrial. A revolução da digitalização, onde cliente final e produtor estão intimamente ligados, e onde as novas tecnologias, a inovação e a investigação estão cada vez mais presentes.

Na última terça-feira, no Centro de Empresas Inovadoras (CEi), Governo, empresários, autarcas e investigadores discutiram o tema “Inovação e Indústria 4.0 na Refrigeração”, onde ficou patente a força que o setor tem na região e a aposta que ele constitui para o país. João Vasconcelos, Secretário de Estado da Indústria, Luís Correia, presidente da Câmara de Castelo Branco, e António Granjeia, da empresa Centauro, partilharam ao Reconquista essa ideia.

 

LIDERANÇA O governante começa por destacar o facto de em "Castelo Branco existirem empresas que são líderes na Europa. Há poucos setores industriais em que somos líderes europeus. O frio é um deles, não só no agroalimentar aqui nesta região, como também no setor das pescas, na qualidade alimentar e nas cadeias de distribuição. A Centauro, por exemplo, tem clientes em inúmeros países, os quais são muito exigentes e procuram as tecnologias mais sofisticadas de todo o mundo em Castelo Branco e no nosso país".

João Vasconcelos explica que "o setor do frio tem as suas especificidades já que é dos poucos em que as principais inovações, os avanços tecnológicos e os principais fornecedores europeus são portugueses. ".

No entender do secretário de Estado os desafios que se colocam são muitos e passam pela inovação e a digitalização que a economia portuguesa está a ter no setor do frio. "É um setor que está a ser alterado com base em novas tecnologias, nos desafios da racionalização e eficiência energética, no controlo de qualidade alimentar. Aquilo que verificamos é que os empresários de Castelo Branco se estão a preparar para esta nova revolução industrial, na qual o cliente final está em contacto com o produtor e com a logística".

 

ESTRATÉGIA Luís Correia quer que a cidade seja cada vez mais uma referência no setor do frio. Um setor que na sua perspetiva constitui "uma alavanca para o desenvolvimento industrial de Castelo Branco. Sabemos que a industria atravessa momentos menos positivos, mas em Castelo Branco ela poderá fortalecer-se a partir da dinâmica do setor do frio".

O autarca recorda que a Câmara tem feito uma forte aposta na área do agroalimentar, pelo que importa reforçar a ligação entre os dois setores. "Queremos disponibilizar a autarquia para em conjunto desenvolvermos ainda mais o setor do frio. Temos empresas muito fortes, que se têm modernizado e que criam muitos empregos", diz.

O presidente da Câmara destaca a importância da inovação e da conferência que juntou empresários e especialistas no CEi. "É muito positivo vermos o envolvimento da industria nesta conferência. É partir daqui que outras áreas podem ser reforçadas. Da parte da Câmara há toda a disponibilidade para reforçarmos o setor do frio. O caminho que traçaremos é aquele que os empresários quiserem. A nossa obrigação é constituirmo-nos parceiros da indústria, e temos todas as condições para em conjunto com os empresários reforçar-mos a indústria do frio", diz.

 

INOVAÇÃO António Granjeia é um dos mais conceituados especialistas do setor em termos internacionais. Responsável pela empresa Centauro, que tem a sua sede no Parque Empresarial da cidade albicastrense, considera que de todas as cidades portuguesas, Castelo Branco é aquela que tem mais condições para vir a ter um cluster na área do frio. "Temos o ISQ (laboratório do Instituto de Soldadura e Qualidade), o Centro de Formação Profissional, a Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco, empresas conceituadas, o InovCluster ou o Centro de Apoio Tecnológico ao Agro Alimentar", diz.

No seu entender para que isso seja possível falta só fazer aquilo a classifica como "o fecho", o que passa pela investigação, por uma forte ligação entre o meio académico e as empresas, e uma por uma aposta no saber. "O que existe é caro. Há espaço em Castelo Branco para se criar saber simples, aplicado e customizado, que vá ao encontro daquilo que precisamos", explica.

Daí que na sua perspetiva o Instituto Politécnico de Castelo Branco possa ter uma palavra a dizer. António Granjeia lança mesmo o desafio da instituição "criar um curso de frio. Não há nenhum no país, o que existia, no ISEL encerrou, pelo que faria todo o sentido essa formação, até porque Castelo Branco tem quase tudo para que ele seja concretizado. Há empresas que ajudariam o IPCB a fazer um bom curso".

O engenheiro fala também na investigação, uma área em que há muito para fazer. António Granjeia recorda que a própria Centauro está, no seu laboratório, a fazer testes para melhorar a eficiência energética de instalações. "Estamos nós a testar uma nova tecnologia que não é possível ser testada noutro laboratório da europa. Desenvolvemos uma estratégia de controle e de testes para podermos propor com garantia a aplicação desta nova tecnologia".

António Granjeia destaca o apoio de alunos e docentes da EST, que "por carolice e pela sua disponibilidade, têm colaborado connosco". Uma ligação que, assegura, é boa quer para a "escola, que fica a perceber as necessidades do mercado, quer para as empresas".

Ainda assim, considera que são necessárias mais "empresas de frio, de controle, de eletrónica e de telecomunicações. Hoje em dia, por exemplo, fazemos monitorizações daqui para a Colômbia".

COMENTÁRIOS