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A Bitcoin como substituto do ouro

Luís Beato Nunes - 14/09/2017 - 10:19

Segundo Tom Lee, analista de Wall Street, a Bitcoin poderá chegar a valer $55.000 em 2022, de acordo com o seu último relatório intitulado «A Bitcoin como substituto do Ouro». Este especialista acredita que esta moeda virtual pode, mesmo, canibalizar a procura do ouro e substituir progressivamente o metal precioso.
Entre o último artigo que escrevi e esta semana, a Bitcoin variou em média quase dois dígitos por dia, valorizando e desvalorizando, sem garantir a estabilidade que uma moeda deveria garantir. 
A volatilidade deste activo acaba, de facto, por minar a sua função como moeda, uma vez que esta é umas das quatro principais características de um activo de troca, juntamente com a divisibilidade, a reserva de valor e a universalidade de aceitação pelos vários agentes económicos. 
Desde o início do ano que a Bitcoin mais do que quadruplicou o seu valor em dólares e euros, chamando a atenção dos analistas das principais casas de investimento, como a Goldman Sachs, a Morgan Stanley ou o CitiBank, as quais já criaram equipas de investigadores e analistas exclusivamente dedicadas a este activo.
Para alguns destes analistas, a Bitcoin deverá competir no mercado dos metais preciosos. O valor actual do mercado do ouro é de $7.5 triliões e o da Bitcoin representa menos de 1% deste valor. 
Contudo, o fornecimento de metais preciosos “está a crescer à medida que a mineração se eleva para máximos históricos”, mas o número de Bitcoins disponíveis está limitado às 21 milhões de unidades.
A restrição à oferta deste activo significa que haverá uma maior pressão sobre a sua procura, impulsionando uma subida do preço. A Bitcoin já aumentou de menos de $1.000 desde 31 de Dezembro de 2016 para mais de $4.200 no final de Agosto deste ano.
Adicionalmente, os bancos centrais já consideram comprar moedas virtuais se o valor total deste mercado atingir os $500 biliões. Tendo em conta a capitalização de todas as moedas virtuais, sobretudo a Bitcoin e a Ethereum, o valor actual do mercado destas moedas ronda os $100 biliões, de acordo com CoinMarketCap.
Apesar da curiosidade crescente pela Bitcoin, a Morgan Stanley é ainda muito cautelosa na análise desta moeda, reconhecendo o seu potencial de valorização, mas enfatizando a necessidade de regulamentação pública para credibilizar este meio de pagamento.
 «A valorização da Bitcoin parece ter sido fortemente impulsionada nos últimos meses pelo aumento do consumo na Coreia do Sul e no Japão», lia-se no recente relatório da Morgan Stanley. «No Japão, a recente legalização da Bitcoin levou a um aumento da sua utilização como meio de pagamento. Na Coreia do Sul, no entanto, não há uma explicação clara para o aumento».
«À maioria das novas moedas virtuais falta a aceitação universal como meio de pagamento», apesar de serem cada vez mais utilizadas pelas gerações mais novas e, sobretudo, nas compras online.
Infelizmente, devido ao anonimato dos detentores das contas em Bitcoin, esta continua a ser um dos meios de pagamento preferidos pelo crime organizado e por outras actividades ilegais, o que não facilita a sua aceitabilidade pelos principais bancos centrais do mundo. 
luis.beato.nunes@gmail.com

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