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D. António Ferreira Gomes na Póvoa de Rio de Moinhos

Benedicta Maria Duque Vieira - 12/05/2016 - 10:57

Nos dias 9 e 10 deste mês de Maio, por ocasião da passagem dos 110 anos do seu nascimento, Penafiel, o concelho de naturalidade de D. António Ferreira Gomes, prestou homenagem a este seu mais ilustre filho.

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Nos dias 9 e 10 deste mês de Maio, por ocasião da passagem dos 110 anos do seu nascimento, Penafiel, o concelho de naturalidade de D. António Ferreira Gomes, prestou homenagem a este seu mais ilustre filho. Foi uma evocação de vários tempos e em vários espaços: a escola que leva o seu nome, a estátua que o representa, o cemitério da aldeia natal que acolhe a sua sepultura, a biblioteca pública com a exposição bio-bibliográfica, a sessão solene que exalta a sua figura e obra. Os oradores desta sessão foram D. Manuel Martins – o bispo emérito de Setúbal, antigo secretário de D. António enquanto bispo do Porto e, em Penafiel, o responsável pela fundação que perpetua e estuda o seu espólio – e o general Ramalho Eanes – porventura seu amigo mas, certamente, alguém que admirou o prelado desde os anos em que este serviu a Igreja como bispo de Portalegre.
Foi nesse curto período de finais da década de 1940 que D. António deixou marca indelével em muitos dos que o conheceram, marca que, inclusivamente, deixou também no então novo jornal de Castelo Branco, Reconquista, por nele encontraram os seus fundadores o estímulo para continuarem e a inspiração para a linha editorial que adoptaram.
Os anos na diocese do Porto não diminuíram a relação entre D. António Ferreira Gomes e o “redactor”da Reconquista, e seu principal impulsionador, Manuel Duque Vieira. Por testemunho de Luís António de Oliveira Ramos, antigo reitor da Universidade do Porto, sabe-se que D. António solicitou a Duque Vieira a leitura e apreciação da Carta a enviar ao Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar. Esta amizade e confiança mantiveram-se nos anos de exílio (1959-1969) em Roma – a mesma cidade anos do Concílio Vaticano II. Com grande esforço financeiro, Amélia Eugénia Franco da Fonseca Castel-Branco e Manuel Duque Vieira passaram férias de Verão com D. António, quer na Galiza, quer nos Pirinéus.
É em reconhecimento dessa afectuosa companhia que D. António aceita o convite para vir presidir, na Póvoa de Rio de Moinhos, ao casamento de uma das filhas do casal, em Dezembro de 1970. 
O acontecimento foi absolutamente invulgar. D. Manuel Martins conta que, ao chegar ao Porto, D. António, convidado para um casamento de uma família preponderante na cidade, pediu opinião sobre a atitude a tomar. Foi-lhe dito que passaria a ter de aceitar todos daí em diante, o que o levou a declinar para não estabelecer um precedente. Por outro lado, aceitar era regressar primeira vez à sua antiga diocese.
Excepcionalmente, de 26 para 27 de Dezembro nevou abundantemente na região. Do norte vinha-se pela serra! Consultado, D. António informou que iria cumprimentar o bispo de Portalegre e que D. Agostinho de Moura o convidara a pernoitar no Seminário de Portalegre. Na matriz da aldeia, a homília foi longa e profunda: a pequena cassete que a pretendia gravar não chegou, mas escritos, posteriormente publicados pelo bispo, registam observações sobre “calvinismo” que também se ouviram na Póvoa.
No almoço do casamento, que se realizou nas amplas salas do edifício de que parte é hoje a Casa do Balcão, um turismo rural, a família reuniu os amigos comuns que, na região, acompanhavam D. António nas lides pastorais ou no pensamento social: José Lopes Dias, Ulisses Pardal, João Carlos Abrunhosa, António Paulouro,  Hermano Pedro, Luís Pinto Garcia, Alberto Trindade, Francisco Romãozinho…. Certamente, uma oportunidade única. 

 

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