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Leitores: Transformar a sobrevivência num projeto político

Jorge Pio - 06/07/2023 - 10:03

O Executivo Municipal, liderado por Leopoldo Rodrigues, exerce o atual mandato há praticamente 2 anos. E, quem ouve falar o responsável pelos destinos da autarquia, parece que está tudo bem!

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O Executivo Municipal, liderado por Leopoldo Rodrigues, exerce o atual mandato há praticamente 2 anos. E, quem ouve falar o responsável pelos destinos da autarquia, parece que está tudo bem!
Na verdade, nada de estrutural está a acontecer... Apenas medidas avulsas, cada uma por si, pouco entroncadas e sem vista a concretizar um desígnio maior.
Sem uma linha orientadora clarividente, gerem-se orçamentos elevados, mas sem saber exatamente para quê! É como se tivéssemos muito dinheiro na nossa carteira, mas sem saber onde gastar. Nesses casos, o que acontece é que vamos fazendo pequenas despesas aqui e acolá e, sem saber como, vamos ficando menos endinheirados e sem concretizar algo de substancial. Algo que se veja!!! 
Além da situação da empresa ex-Dielmar, alguém já ouviu falar de Economia a este Executivo? Além das obras transitadas do mandato anterior, alguém já viu alguma obra estruturante e diferenciadora ser concretizada por parte deste Executivo? Como se vai ouvindo nos corredores deste concelho, em “Castelo Branco não se está a passar nada!!!” (valha este Governo para ir trazendo um ou outro projeto ou serviço. Até quando? E se este Governo deixar de ser?!). 
O que realmente este Executivo nos tem presenteado é com ziguezagues governativos: em fevereiro de 2022 diz que se vai investir em iluminação pública de led’s em todo o Concelho, em fevereiro de 2023 diz que vai deixar isso à entidade concessionária e até agora nada aconteceu; em fevereiro de 2022 diz que vai avançar com um concurso internacional para o provimento do lugar de Diretor do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, mas atualmente nada se ouve sobre o assunto. Já para não falar na suposta profunda intervenção na Zona Histórica! Enfim, os exemplos são inúmeros. 
Perante a necessidade de tomar medidas difíceis, adia-se a decisão; perante uma medida impopular, não se assume a responsabilidade (veja-se o caso do aumento das Piscinas de Castelo Branco e Alcains).
Tenta-se criar uma narrativa fantasiosa junto dos albicastrenses, mas onde, infelizmente, nem todos os factos correspondem à realidade. Perante o confronto com as dificuldades, anuncia-se tudo e até o seu contrário, para manter a ideia de que tudo corre na perfeição. 
Apenas se reage, não se age. Temos um Executivo que gere o imediato (e que se desgasta a olhos vistos!). Que mais depressa resolve uma questão que é comentada nas redes sociais do que algum email dirigido ao Presidente da Câmara por parte de uma Freguesia. 
Temos um Executivo que se atrapalha no essencial e que, para sair de forma airosa, “deita” dinheiro para cima das situações problemáticas que cria ou vai criando!
Veja-se, por exemplo, o caso Regulamento de Apoio ao Associativismo. Depois das trapalhadas e imbróglios relativamente á atribuição dos apoios referentes a 2022, alguém sabe qual o ponto de situação atual dos apoios às Associações relativamente às verbas para 2023? 
Note-se que, de forma a desresponsabilizar-se pelos erros de 2022 quando da abertura das candidaturas, o atual Executivo Municipal “culpou” o Regulamento existente, tomando ainda a iniciativa de o suspender parcialmente, nomeadamente a parte respeitante ao apoio às Associações Desportivas (criou-se ainda um regime transitório, que não resolveu os problemas, tendo inclusivamente sido forçado a determinar, posteriormente, apoios extraordinários e sem qualquer tipo de critérios).
E nesse contexto, para limpar a face, a 09 de setembro de 2022 o Executivo coloca em elaboração um novo Regulamento para Apoio ao Associativismo Desportivo e uma proposta de alteração ao Regulamento de Apoio ao Associativismo, ou seja, para as restantes Associações (Culturais e Recreativas, por exemplo). Na altura, até foram solicitados contributos até ao final desse mês às diversas Associações.
- 09 de setembro de 2022 - Entretanto, passaram-se 10 meses e nem uma palavra por parte do Executivo. 10 MESES!!! 
Relembro que a principal recomendação do Tribunal de Contas para a necessidade de formulação de um Regulamento para o apoio ao Associativismo prendia-se com a necessidade de definição de regras e prazos para acesso universal aos apoios. É exatamente isso que não está a ser concretizado. 
Transparece a ideia de que não se sabe o que fazer, que Regulamentos propor! Falha-se no essencial! (Se este Executivo age com esta incompetência sobre um tema tão urgente e necessário, como estarão a ser tratadas outras áreas de ação municipal?)
Paralelamente a isso, parece que se assume que, desde que sejam deliberadas verbas de maior valor, não há grande problema na indefinição de prazos para atribuição dos apoios. Na verdade, não vejo qualquer problema num reforço de verbas, desde que fosse enquadrado numa estratégia do reforço do papel desempenhado pelas Associações (Será que se não fosse a trapalhada que o Executivo criou em 2022, o resultado seria a duplicação de verbas das Associações Desportivas, como efetivamente aconteceu? E porque é que o mesmo não aconteceu com as restantes Associações? O que se evidencia é uma assustadora desorientação. Será isto sustentável?). 
Mas não é só de euros que se trata. A situação atual de atraso na atribuição de verbas para 2023 não respeita as Associações. Cria instabilidade na definição de planos de atividades e dificuldades na gestão corrente das mesmas. Quem perde somos todos nós!
Repito: não é aceitável que estando no início do 2º semestre do ano de 2023, ainda não se saiba minimamente como vão ser concretizados os apoios. 
O que acharão, em surdina, as Associações?
Esta situação indicia que algo vai muito mal na gestão municipal e é nosso dever alertar para situações tão inadmissíveis.
Era importante que os atores mais ativos da comunidade também refletissem sobre problemas como este. Uma comunidade mais informada será com certeza uma comunidade mais forte. 
Exige-se mais!!!
Sabemos que a crítica e a oposição não são vistas com bons olhos (alguém percebe a atual posição do PSD?) Quando ela acontece de forma mais visível, rapidamente surgem também artigos ou comentários nas redes sociais por parte da “máquina” a tentar denegrir o passado, como se ele fosse a causa da incapacidade e desnorte deste Executivo. 
Castelo Branco necessita de políticas e estratégias sólidas, diferenciadoras e que aproveitem o melhor do trabalho desenvolvido no passado e que evolua no sentido de ultrapassar os desafios de territórios como o nosso.
O que temos tido são ações e projetos que tentam colocar em estado de graça o executivo, especialmente eventos festivos. Mas não nos iludamos, porque tudo tem o seu momento e importância.
E continua-se, insistentemente, a querer mostrar que se faz, mesmo que se faça algo de pouco pertinente. 
A propósito, relembro uma reflexão do socialista Francisco Assis: “Quem está ocupado em sobreviver, transforma a sobrevivência num projeto político”. É o que parece!!!!

Vereador da Oposição (SEMPRE Movimento Independente

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