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Depois de ser eleita deixei de fazer parte do nós?

Paula Custódio Reis - 09/06/2022 - 9:54

Há nove anos atrás, numa visita de trabalho a uma Misericórdia, explicava ao senhor Provedor da época as angústias de alguém como eu, que via as impossibilidades que se apresentavam a quem gostaria de poder voltar a residir aqui. Argumentava-me ele com a sua própria história de vida, que era a de trabalhar na região da Grande Lisboa e regressar ao fim de semana.
«O senhor não está a perceber… a minha geração quer ver os filhos crescer.»
Penso que foi nesse mesmo dia em que, a determinado momento, percebi que o sentimento de angústia tinha de dar lugar a vontade de encontrar uma solução.
O que fiz nos anos seguintes? O que estava ao meu alcance: escrever em jornais, participar em reuniões e encontros partidários e da sociedade civil, fundamentar e fortalecer a minha opinião com leituras e acompanhamento da temática. 
Regressei ao Ensino Superior com a intenção de ir à academia buscar conhecimento e perceber se a minha ideia teria ou não validade. Ganhei coragem para apresentar uma Moção num congresso, para que a temática do teletrabalho entrasse no Programa de Governo. 
A possibilidade de aplicação e a adaptação rápida dos meios veio trazida pela Pandemia. Agora resta provar se é desejável e se o território fará o necessário para que seja concretizável.
Este enquadramento serve para vos dar conta da minha incredulidade, quando os atores territoriais marcam linhas distintivas entre aquilo que é a vontade e o sentir de quem aqui vive e trabalha e as vontades e sentires dos Deputados eleitos pelo Distrito.
No dia 29 de março os deputados eleitos firmaram um compromisso que apenas dá maiores responsabilidades porque passam a ser mediadores. Mediadores entre a sua própria vontade de fazer, baseada naquilo que são as necessidades e potencialidades da sua terra, e a negociação de verbas e disponibilidade de fazer para todas as terras do País. 
Os primeiros a viver a frustração de não conseguir encurtar prazos de realização ou de cumprimentos de compromissos garantidamente são os eleitos, sejam eles autarcas de freguesia ou de município, deputados ou governantes com sentido de missão.
À sociedade civil, aos eleitores, cabe a responsabilidade de não esmorecer a defesa das causas de todos, para que as frustrações daqueles que os representam se transformem em realizações.
As causas, acredito, continuam a ser de todos.
O que distingue os que conseguem realizar é a sua dedicação, persistência e, muitas vezes, a paciência. Mas também a intransigência na defesa das suas crenças.
O que é bom para a maioria, é o melhor que pode acontecer a cada um de nós individualmente. Esta é uma crença inabalável para mim, no desempenho de funções públicas e na vida privada.
Tentar ter a seriedade e o desprendimento para defender o bem comum é sempre o meu azimute. 
Ser uma mulher da Beira Baixa, é a minha definição.

preis@ps.parlamento.pt

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