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Caso Carlos Cruz: Sinto-me indignado

Luís Infante - 31/03/2016 - 8:00

Li no Facebook uma transcrição do DN: “A multidão de anónimos que acreditam em Cruz". Com foto de ocasião, de sorrisos abertos e com o seguinte começo: “Antigo apresentador, condenado por abusos sexuais de menores encheu a sala de um hotel para apresentar livro".

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Li no Facebook uma transcrição do DN: “A multidão de anónimos que acreditam em Cruz". Com foto de ocasião, de sorrisos abertos e com o seguinte começo: “Antigo apresentador, condenado por abusos sexuais de menores encheu a sala de um hotel para apresentar livro".

Curioso e seguidor deste caso mediático li, vi e ouvi todo o alarido, todo o aparato de pompa e circunstância trazendo à ribalta entrevistas, opiniões a respeito do celebérrimo Carlos Cruz. Fiquei deveras indignado e não vou calar este meu estado de alma. Tenho que desabafar, tenho que partilhar tudo quanto vai dentro de mim e estou certo que, muitos anónimos, ou não, vão comungar da minha opinião.

Quero todavia cingir-me ao que mais me chocou, pondo de parte essas celebridades, de várias índoles que não quiseram dar a cara e se acobardaram no anonimato, eles lá sabem porquê. Um João Soares e outros quejandos não valerá a pena falar deles, seria dar importância, relevo a quem não o merece. Agora, um bispo da nossa hierarquia clerical que bem me lembro das suas politiquices enquanto capelão das Forças Armadas, vir dar-se ao desplante de fazer a apresentação dum livro de Carlos Cruz e tecer, como é óbvio, todos os encómios a essa pessoa que está presa, condenada por abuso sexual de menores, não cabe na minha maneira de ver a realidade das  coisas. Não aceito que um alto dignitário da Igreja Católica desça tão baixo ao defender as ideias de alguém que  pediu “rigor à justiça", mas que até à data presente não conseguiu provar nada em seu abono que possa desvalorizar o seu verdadeiro atentado aos valores da pessoa humana.

Mas, Sr. D. Januário, como cristão e católico que me prezo de ser, sinto-me perplexo por ver que está a pactuar com alguém que espezinhou esses valores morais, prometendo mundos e fundos a crianças inocentes para atingir os seus fins. Gostaria, isso sim, de o ver como acérrimo defensor desses valores, face às funções que exerce dentro duma responsabilidade exemplar que todos os Católicos querem ver nos seus guias espirituais. Mas, tal não aconteceu, preferiu, infelizmente, vir a terreiro ajudar a camuflar factos que a nossa justiça bem puniu. Mais ainda, foi infeliz ao valer-se de uma citação da Bíblia que para nós temos como Sagrada, ao meter Jesus ao barulho e misturar a Bíblia com desacatos sexuais, aberrações promíscuas, em nada consentâneas com as palavras de Jesus. Lembre-se que “o mal", acredito na justiça, está revelado enquanto “a verdade", o seu apaniguado ainda não a disse, aquela verdade que convença a nossa justiça a libertá-lo do seu pesadelo.

Não sou radicalista, acredito na mudança de atitudes mas se houve uma sentença (seis anos de prisão) não há solidariedade que valha, que consiga abalar o sistema, pesem embora tantas facilidades que estão a ser concedidas, dando aso a que a Comunicação Social arranje alimento aos seus seguidores. Afinal, o lançamento do livro mais não foi do que um querer diluir factos, um querer destapar uma inocência que se vê remota, muito longínqua e ainda um denegrir a justiça que temos.

Um livro que considero uma autêntica vitória, pois decerto que irá encher os bolsos  de alguém que vai construindo “à mão" o seu pecúlio e a dizer despudoradamente, para si uma certeza: “Tenho uma vida muito rica de capital humano, com amigos, família e o reconhecimento de uma multidão de anónimos".

Opinei. Agora, aqueles a quem chegar este meu desabafo são livres de se exprimir e de aceitar ou não as minhas palavras que se traduzem num auspicioso desejo: que haja homens de verdade…!

 

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