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Castelo Branco: A democracia é uma chatice

Paulo Moradias, Vereador do PSD - 04/02/2016 - 10:30

Todos somos políticos. A começar pelos que gostam de dizer que os políticos são uns malandros, e que só querem é “tacho”. A começar por estes. Com estes comentários influenciam o amigo, o colega e o vizinho. Isto não é ser político?

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Todos somos políticos. A começar pelos que gostam de dizer que os políticos são uns malandros, e que só querem é “tacho”. A começar por estes. Com estes comentários influenciam o amigo, o colega e o vizinho. Isto não é ser político?
Somos políticos nos mais simples actos e decisões do dia a dia. Opinamos e influenciamos alguém. Fazemos alguma coisa e condicionamos a vida de outro. Isto não é fazer política? Claro que é. Isto é a essência da política. 
A diferença estará para aqueles que o fazem conscientemente. E quantos de nós é que o fazem? Quem se preocupa com o que se passa na sua cidade, vila ou aldeia? Em resumo no seu concelho. E mais exactamente, o que fazem aqueles em quem depositamos o voto?
De que modo nos preocupamos em fiscalizar as suas decisões diárias? Porque um voto não pode ser nunca um cheque em branco. Fiscalizamos pela comunicação social? Pelas sessões de câmara? Pois talvez, mas não no concelho de Castelo Branco.
Quantos já foram assistir a uma sessão de câmara? Claro que a insistência deste executivo em continuar a fazer sessões de câmara a horas de trabalho, não ajuda nada. 
Quantos sabem o que lá se passa? Claro que a insistência deste executivo em continuar a não divulgar no site da câmara municipal as ordens de trabalho, documentos de apoio e as respectivas actas, também não ajuda nada. Fazem-no as autarquias que estão bem colocadas no índice da transparência, o que não acontece com esta. Vai caindo na classificação, nestes últimos 3 anos, e já vai no 120º lugar.
É pela leitura dos jornais? Talvez. Às vezes. Outras vezes nem de perto. A título de exemplo, vou descrever o que foi discutido na última sessão de câmara, pública, que aconteceu a 22 de Janeiro: - três vereadores do PS manifestaram-se incomodados pela conferencia de imprensa realizada pela concelhia do PSD quatro dias antes, conferencia essa em que foi feito o balanço da governação da actual câmara municipal e seu presidente (eu sei que chateia o vicio sistemático dos eleitos do PSD, em usarem e abusarem de uma coisa chamada democracia).
- o vereador do PSD, João Paulo Benquerença, apresentou a preocupação com a qualidade da alimentação fornecida em algumas escolas do 1º ciclo do ensino básico (malandro, alarmista, porque não te calas).
- o mesmo vereador levantou a questão das obras, aparentemente ilegais, que estão ser realizadas em Almaceda, aparentemente pela junta de freguesia, em zona de reserva agrícola e ecológica, e se a autarquia tinha conhecimento delas. Sem resposta.
- o mesmo vereador questionou o sr Presidente da Câmara, sobre qual a sua posição, na sequência das declarações do Ministro do Ambiente, em que afirmou que seria possível reverter o sistema multimunicipal de distribuição de águas, que tem permitido à autarquia um belo encaixe financeiro (sem redistribuição pelos albicastrenses pagantes). O sr Presidente da Câmara afirmou que mantém a sua posição de que este acordo deve ser revertido (assim acaba-se a o argumento dos vereadores do PSD, para a redução das tarifas de água e saneamento, que tem sido outra chatice).
- o vereador do PSD, Paulo Moradias, congratulou-se com a homenagem realizada ao Dr Dias de Carvalho, pela Ordem dos Médicos, por serviços prestados ao país, na área da saúde. Não mereceu comentário do sr Presidente da Câmara.
- o mesmo vereador perguntou qual a razão dos dois colchões de salto à vara (custaram várias dezenas de milhares de euros), e que se encontram na inacabada pista de atletismo, se encontrarem à chuva e sol, sem qualquer protecção (e já agora sem uso), e porque não são guardados no mini armazém construído na referida pista (pois é não cabem). Não mereceu comentário do sr Presidente da Câmara.
- o mesmo vereador congratulou-se pela divulgação por parte do sr Presidente da Câmara de que a barragem do Alvito vai ser construída, apenas não sabendo quando. Um jornal de referência da cidade escutou o mesmo que eu, e publicou-o com honras de 1ª página (é porque o assunto tinha mesmo pernas para andar). Afinal não. Não há construção nenhuma. Foi só uma coisa que ficou bem dizer naquele momento (então também não percebi a noticia de 1ª página).
 - o mesmo vereador congratulou-se pela realização da conferência sobre alterações climáticas, ocorrida a 19 de Janeiro, esperando que as medidas ali preconizadas, não sejam uma mão cheia de nada, como é habitual nos estudos apresentados pela autarquia. 
Ficámos a saber naquela conferência que a habitual rega dos jardins e do alcatrão a seguir a uma boa chuvada, é uma medida de boa gestão de desperdícios de água; ficámos a saber que o motivo de meia cidade de Castelo Branco se encontrar às escuras, com todas as implicações de segurança, tem a ver com a promoção da eficiência energética na iluminação pública; ficámos a saber que a autarquia actua na área da adopção de boas práticas na construção de edifícios, para os tornar termicamente confortáveis e sustentáveis, mas apenas em sonhos; e ficámos a saber que a autarquia quer ser pioneira nesta problemática, algo que no resto do país já se faz á cerca de 20 anos. É mesmo um problema.
Mas ficámos sem saber porque razão o vereador do PSD que escreve estas linhas foi impedido de entrar numa sala, nesse dia, onde estes assuntos iriam ser discutidos.
Termino, desafiando-vos para um exercício. Comparem esta descrição com as noticias que saíram na passada semana, nos jornais regionais e nos jornais digitais. É de justiça que se diga que em 1 ou 2, há algumas coincidências.
Então digam-me por favor: como estão a pensar começar a fazer, para fiscalizar a actuação daqueles em quem depositaram o voto? Pela leitura dos jornais? Pela deslocação às sessões de câmara? Pela consulta no site dos elementos que a autarquia não divulga, e que insiste em continuar em esconder? Vamos lá saber porquê.
Vai sendo tempo de nos tornarmos civicamente mais activos, de sairmos do sofá, de exigirmos aos que elegemos (eu também fui eleito), as respectivas responsabilidades dos seus actos, das suas decisões. O que fazem com o dinheiro dos nossos impostos, que instituições são deste modo suportadas, que festarolas são pagas, porque são aprovadas medidas que permitem não discutir em sessão de câmara adjudicações até 748 mil euros? (é verdade, já me esquecia, é para reduzir a burocracia). 
A democracia é uma chatice.
 

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