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Castelo Branco: Vejo-te triste...

José Zêzere Barradas - 11/08/2016 - 9:53

Penso em ti Castelo Branco, e nos concelhos da qual és Capital, e vejo-te triste e transfigurada.

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Penso em ti Castelo Branco, e nos concelhos da qual és Capital, e vejo-te triste e transfigurada.
Como é triste ver que aquilo de que gostamos e que amamos se está a definhar e a mirrar de forma veloz e irreversível se nada se fizer para contrariar essa linha que pode não ter retorno.

Essa linha não é mais do que um contínuo que escoa a uma velocidade avassaladora a vida na cidade de Castelo Branco.

Sim! a vida da cidade só existe se houver gente.

E o que temos vindo a assistir, como escreveu um autor sem voz, é a uma deprimente hemorragia na vida da cidade, bem como do Distrito, do qual Castelo Branco é capital.

Quero expressar a minha mágoa e dolorosa tristeza por aquilo que está à vista de todos, o encerramento de empresas e também a possibilidade de encerramento de serviços públicos em geral.

O ensino superior também poderá ter os dias contados, devido à perda de alunos, existindo também a possibilidade de mais ano ou menos ano fechar portas.

Nos outros níveis de ensino também vamos assistindo ao encerramento de escolas por falta de alunos.

A terra de Amato Lusitano, bem como nos seus concelhos limítrofes, de acordo com estudos europeus, são os mais envelhecidos da Europa.

É preciso procriar, é preciso povoar, é preciso criar estratégias e estruturas que levem no caminho da reprodução social, e não do esvaziamento e desertificação da Beira Baixa, nomeadamente a linda cidade de Castelo Branco.

Julgo não errar se apontar como causa primeira para este processo de desertificação a falta de trabalho devido ao encerramento das empresas.

Não havendo postos de trabalho não se consegue fixar a população, e também não se conseguem cativar novos residentes para a cidade, ou para o Distrito.

Não basta que a cidade de Castelo Branco seja bonita, tenha rotundas, arruamentos e betão, isso não basta.

As pessoas ainda em idade ativa partem para outras paragens.

Perante esta situação, a consequente partida dos mais jovens para outras cidades, mas sobretudo para o estrangeiro, torna-se um facto doloroso mas inevitável.

Ora, se não há jovens na cidade não há, como é óbvio, natalidade.

Se não há natalidade não há renovação da população.

Não há “stock” para substituir os que vão morrendo.

Não há “stock” porque não há trabalho e se não há trabalho, não há fixação das populações jovens e, portanto, o envelhecimento da população passa a ser a linha mestra que a curto prazo levará à desertificação total.

Os mais velhos (lei da vida) vão partindo, até que brevemente a cidade se tornará um fantasma de betão (como já referimos) no seio da bonita planície beirã.

Assistimos com tristeza ao desaparecimento de instituições como o Águias da Sé, dos centros de recreio e das coletividades bairristas.

O velho Benfica (velha glória dos albicastrenses) já não tem expressão na cidade e qualquer dia desaparece também.

Os cafés fecham.

Nos concelhos pertencentes ao Distrito, do qual a cidade é capital, a desertificação é ainda mais notória, como já se referiu.

O comboio e os autocarros chegam vazios e vazios partem pelo que qualquer dia diremos adeus à velha linha férrea da Beira Baixa, e o novo centro rodoviário tornar-se-á tão deprimente como o velho.

As grandes superfícies limitam-se a passeios de vaidades.

Grande quantidade de pessoas bem qualificadas, todos os dias, despedem-se da cidade pelo que nos perguntamos se os que ficam ficarão?

Numa cidade tão pequena, os golpes de esvaziamento fazem grande mossa, e fazem mais estragos que numa cidade grande.

Outrora sentia-se um prazer imenso passear pelas ruas da cidade e pelos concelhos em redor, mas hoje chega a ser doloroso passear pelas ruas desertas da cidade, e deprimente visitar os concelhos e freguesias limítrofes.

Observamos a cidade desertificada e os concelhos à sua volta e estes olhos que interrogam: que fizemos para merecer isto?

Não se pretende distribuir culpas, porque isso não soluciona o que já não tem solução, mas apesar disso, um dia alguém irá fazer uma profunda reflexão, uma autocrítica rigorosa a fim de se colocar um dique de contenção (esperemos que não seja demasiado tarde) a esta terrível hemorragia. 

COMENTÁRIOS

Carlos
à muito tempo atrás
É assim mesmo, sem "papas" na lingua. Esta é a realidade.
José Barradas
à muito tempo atrás
Artigo escrito em coautoria com o Prof. Dr. João Pires.
Adil
Na semana passada
É necessário desenvolver uma estratégia para o desenvolvimento da região baseada no planejamento urbano e no reassentamento