Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Cedilho: Ródão contra projeto espanhol para central de bombagem

Reconquista - 09/05/2024 - 8:00

Ródão manifestou-se contra construção de central de bombagem para elevação de água da albufeira de Cedilho para a de Alcântara.

Partilhar:

Obra pode "roubar" ainda mais caudal ao Tejo e agravar as questões ambientais

Temendo “a degradação da qualidade da água e a redução do caudal do rio Tejo, o que agravará a situação problemática já hoje verificada”, o Município de Vila Velha de Ródão manifestou-se contra a construção duma central de bombagem para elevação de água da albufeira de Cedilho para a albufeira de Alcântara, em Espanha. O projeto é promovido pela Iberdrola Espanha.

O executivo alega não ter tido acesso a dados que garantam os caudais ecológicos no Tejo e ainda desconhecer de que forma as autoridades oficiais e governamentais de Espanha e Portugal se comprometem, em conjunto, a definir critérios e a gerir este assunto. O parecer negativo foi aprovado na reunião de 26 de abril e enviado à Agência Portuguesa do ambiente, no âmbito da consulta pública em curso sobre a avaliação de impacte ambiental do projeto de “Aproveitamento Hidroelétrico de José María de Oriol II Espanha”.

O executivo analisou os documentos disponibilizados no portal Participa.pt e tendo em conta as possíveis consequências desse empreendimento, a autarquia assume ser um dos territórios mais afetados, por se localizar se imediatamente a jusante da barragem de Cedilho. Segundo a autarquia, por um lado haverá a considerar as fases de construção e futuro desmantelamento, com resultados diretos na degradação da qualidade da água. Mas a principal preocupação prende-se com o funcionamento da estação elevatória, que resultará na redução do caudal do rio Tejo a partir da barragem de Cedilho, uma vez que a sua utilização impõe uma cota de nível do plano de água nesta albufeira que viabilize a sua elevação e reaproveitamento. Este funcionamento permitirá uma utilização da água em ciclo fechado, sem que a produção de energia em Alcântara signifique uma transferência de caudal sem retorno para território português, com prejuízo para as albufeiras portuguesas e para a estrutura ambiental associada ao rio, para jusante.

Vila Velha de Ródão acrescenta que “a possibilidade de redução de caudal agravará a situação problemática já hoje verificada no curso de água em território nacional, durante a época estival, com excessiva eutrofização da água e a proliferação de espécies aquáticas invasoras/infestantes, como a azola (Azolla filiculoides), sendo que as variações do nível da água, que resultem em quedas prolongadas do nível médio, podem ter fortes impactes nas formações vegetais ribeirinhas e, por consequência, nos habitats associados, com perda de riqueza ao nível da fauna e flora”.

O município pede com urgência “o esclarecimento científico do regime de caudais ecológicos, em ambos os países, aplicáveis ao rio Tejo, atendendo à Diretiva Quadro da Água e aos impactes negativos da sua não implementação” e “o compromisso e corresponsabilização pelo cumprimento dos instrumentos legais e comunitários existentes sobre esta matéria, garantindo uma eficaz monitorização e gestão dos caudais e qualidade da água”. Solicita ainda que sejam definidas as consequências pelo não cumprimento de compromissos assumidos, bem como dos procedimentos a adotar para resolver consequências negativas resultantes de eventuais incumprimentos.

COMENTÁRIOS