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Conferência dos Oceanos: Poluição afoga os mares

Florentino Beirão - 07/07/2022 - 9:32

Decorreu recentemente em Lisboa, ao longo de cinco dias, uma Conferência para discutir a nossa relação com o mar. Esta iniciativa foi promovida pelas Nações Unidas e reuniu em Lisboa, no Parque das Nações, mais de 700 pessoas de 142 países, para falar sobre o que o mar nos pode oferecer e como o proteger.
Temas centrais foram o papel que os oceanos desempenham na regulação do clima e a importância económica que podem vir a ter para nós em actividades como a produção de energia e pescas.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros português, a abrir os trabalhos, esta não é uma conferência como a do clima em que se produzem textos vinculativos, mas tão-somente, um fórum de discussão sobre os oceanos que cobrem 71% do nosso planeta.
O desenvolvimento sustentável foi um dos pratos fortes da conferência onde se discutiu a problemática da conservação e utilização dos oceanos, mares e recursos marinhos de forma sustentável, com metas a atingir até 2030. Entre elas, está a redução da poluição marítima, o combate à acidificação das águas, acabar com a sobre pesca e a pesca ilegal.
Recorde-se que a primeira conferência dos Oceanos foi em Nova Iorque em 2017. Agora, também se avaliaram os compromissos que então se tomaram para se verificar se eles foram ou não cumpridos, ao longo destes anos.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, fez questão de estar presente nesta magna Conferência, deixando um veemente apelo a todas as nações para que promovam a defesa dos Oceanos, tão mal tratados nos últimos tempos.
Se não há decisões vinculativas, que obriguem os Estados, há por outro lado, conversações, ainda que informais, sobre vários assuntos sobre os quais estão a decorrer negociações paralelas sobre várias temáticas tais como, compromissos vinculativos dos Estados para protegerem a sua biodiversidade, entre 2021 e 2030.
Quanto às oportunidades económicas, segundo o nosso ministro da Economia e do Mar, o Oceano é uma fábrica escondida de energia. Há oportunidades económicas, mas só são materializáveis e sustentáveis economicamente e no longo prazo, se tivermos um Oceano saudável. É a designada economia azul sustentável.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, a declaração de Lisboa é um forte ímpeto político para que os Estados bem como outras entidades relevantes, como as empresas, instituições financeiras e fundações apresentem compromissos e soluções concretas, baseados nas ciências e inovação e também dotados dos recursos financeiros necessários. Rematou dizendo que Portugal tem dois objectivos concretos neste importante evento. Promover o nexo clima - oceano porque é sem dúvida, uma prioridade da política externa nacional. Estamos muito empenhados, acrescentou, em atingir a neutralidade carbónica em 2050 e o mar tem um papel determinante na prossecução desse objectivo. O futuro -que já é hoje - envereda por uma nova economia azul, cada vez mais sustentável, algo que só é possível como o envolvimento do sector privado e das instituições financeiras. Por isso, há que aproveitar a presença de actores relevantes.
Espera-se que a declaração final da conferência tenha delineado uma trajectória para o futuro.
Um dos fenómenos mais salientes desta conferência sobre os Oceanos foi o facto dos jovens se interessarem tanto por esta temática que cala bem fundo nas suas preocupações e utopias. Querem um mar limpo, sem poluição. As terríveis imagens a que hoje têm acesso através dos seus meios de comunicação são demasiado preocupantes para que fiquem parados sem nada fazer por esta grande causa. As imagens que nos mostram o mar repleto de plásticos e de poluição variada, preocupa todos aqueles que desejam um Oceano limpo e saudável. Hoje, o plástico perfaz 85% do lixo marinho. António Guterres, como Secretário - Geral das Nações Unidas, num discurso dirigido aos jovens de todo o planeta, disse o seguinte: “deixem-me pedir desculpa à vossa geração em nome da minha, em relação ao estado do oceano, da biodiversidade e das alterações climáticas”. Incentivar a geração mais nova para esta causa parece ser um dos principais objectivos das Nações Unidas uma vez que dos jovens depende uma movimentação eficaz para pressionar os governos a tomarem medidas rápidas que promovam um planeta mais saudável. 
Os grupos de jovens que participaram na Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos na Altice Arena em Lisboa, certamente querem ter um papel activo a favor do ambiente. Neles se deposita a nossa confiança.

florentinobeirao@hotmail.com 

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