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Crónica: Debita Nostra CLXXXIX

Luís Costa - 28/07/2022 - 11:29

As escolas privadas recrutam alunos em meios geralmente privilegiados ou afortunados, têm mais dinheiro, mais propinas, mais professores, melhores edifícios, menos degradação de equipamentos, mais atividades culturais, mais disciplina, mais envolvimento dos pais. (…) É absolutamente normal que o sistema privado, com todos os seus privilégios, tenha melhores resultados, o que deveria ser um incentivo para as autoridades do sistema público aprenderem receitas de êxito, como sejam o financiamento, a estabilidade docente, a remuneração dos professores, a disciplina escolar, a atividade cultural e a autoridade pedagógica.” (António Barreto, PÚBLICO, “Público e Privado”, 10-07-22)
O obsessivo ‘culto da individualidade’ a que chegámos não pode ser desligado do atual desfalecimento das nossas democracias, no que ele representa de perda de sentido gregário e de projeto comum, como o processo de sanções à Rússia poderá vir a demonstrar (DEBITA NOSTRA CLXXXVIII).
E se isso nos desafia a repensar o Estado ou, por ele, tudo o que melhor responda àquele residual cometimento coletivo, não nos desobriga de um debate sobre tudo aquilo em que ele se sustenta, nomeadamente ao nível do senso-comum.
Sobre os fundamentos de um ‘culto’ que, na sua atualidade, não é difícil fazer remontar ao (pre)conceito ideológico de que é da ‘livre’ prossecução dos interesses particulares que há de resultar o interesse coletivo, proclamando uma liberdade abstrata que apenas servia ao reconhecimento de quem a podia usar. Sobre como, para além da sua natural conveniência, e dos envergonhados filtros com que por aí se apresenta, a ideia ganhou o pensamento corrente, absorvendo muita da controvérsia com que por lá se terçam o “público e privado”.
É o caso da que se trava acerca do chamado ‘ranking’ das escolas em que, quer o privilégio dos projetos individuais, quer, sobretudo, a normalização de uma desigual concorrência, conquistaram adeptos, mesmo entre académicos e responsáveis educativos.
Creio que só isso explica que, em sua defesa, desenvolvam argumentos contraditórios.
 Quer porque enumeram, nas suas vantagens, indicadores de “receitas de êxito” de que o “ranking” nunca se ocupou: “o financiamento, a estabilidade docente, a remuneração dos professores, a disciplina escolar, a atividade cultural e a autoridade pedagógica”. Quer porque omitem como, em tal hierarquização, tratam do que, face aos dados recolhidos, se tornou irrecusável: “as escolas privadas recrutam alunos em meios geralmente privilegiados ou afortunados”.
É que tentar classificar as metas alcançadas (output) ignorando o ponto de partida (input) e as distâncias percorridas, presta-se muito a ‘confirmar’ o rotinado e enviesado (pre)conceito já referido. E não a uma salutar relação público/privado e ao incentivo à melhoria das escolas.
Pelo que só pode ser caricatural concluir-se que o que aqui se joga é “a atitude ridícula de tanta gente que, perante a superioridade dos resultados, propõe que se acabe com o ensino privado e se escondam os rankings”.

COMENTÁRIOS

João Correia
à muito tempo atrás
Mais uma vez este senhor aproveita a "cronica", desta vez sobre um tema insuspeito como os rankings da escolas, para fazer fazer propaganda filo-russa, promovendo o genocídio do povo Ucraniano.

Mais, no que concerne o tema deste artigo de propaganda ideológica, que julgo que apenas por piada o jornal Reconquista opta por apelidar de "crónica", este lamentável autor opta por omitir o ponto fulcral de toda esta discussão, o facto de ano após ano as escolas publicas estarem a desaparecer do topo do ranking. Evidencia reveladora do degradar do ensino público.

Até quando o jornal Reconquista servirá de plataforma para este tipo de disparates?