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Pontevedra: uma cidade de pontes

Paula Custódio Reis - 14/10/2021 - 10:08

As viagens servem para nos distrairmos, para nos encantarmos, mas também para aprendermos (e muito…).
Pontevedra é o último aglomerado importante antes de chegar a Santiago de Compostela, seguindo o Caminho Português de Santiago.
É uma cidade que impressiona pela monumentalidade dos edifícios, pelo movimento das ruas (e pela sua limpeza) e pela diversidade de escolhas que oferece. 
Numa manhã de outono passam por nós ranchos de gente nova a caminho da escola ou dos diversos espaços desportivos adequados a treinos específicos de modalidades diversas, muitos bebés de tenra idade em passeio, trabalhadores de serviços diversos que vão desde a distribuição postal aos cuidados à terceira idade, turistas, peregrinos, enfim, toda a diversidade de gentes e ocupações que possam imaginar. Ao por do sol a cidade transforma-se e abre-se às horas de ócio e convívio espalhadas pelas esplanadas dispersas por toda a zona pedonal da cidade, que é grande e não deixa perceber um, mas vários centros de que é composta a enorme zona patrimonial.
A comida que servem é de inspiração local e inclui produtos da região como o peixe fresco, os enchidos e conservas de carne e o vinho que se produz perto.
Sabendo já a Galiza como uma das regiões mais jovens da Europa, não deixa de impressionar que entre 1960 e 2012, este município tenha duplicado o número de habitantes, em sentido oposto ao que tem acontecido ao velho continente.
Uma pesquisa muito breve diz-nos que
 «A cidade é conhecida pelo seu planeamento urbano, pela sua pedonalização e pelo encanto do seu centro histórico. Tornou-se uma referência mundial em termos de pedonalização, acessibilidade e desenvolvimento sustentável. Nos últimos anos tem recebido vários prémios internacionais pela sua qualidade de vida urbana, acessibilidade e política de mobilidade urbana, incluindo o Prémio Europeu Intermodes em 2013 em Bruxelas; o Prémio Internacional ONU-Habitat em 2014 no Dubai (Emirados Árabes Unidos), o Prémio de Excelência Urbana do Center for Active Design em 2015 em Nova Iorque, ou o 1.º Prémio de Segurança Urbana da Comissão Europeia em 2020, entre outros. Vários estudos europeus ou americanos sobre o seu planejamento urbano exemplar têm sido realizados nos últimos anos. O prestigioso jornal britânico The Guardian definiu-a em setembro de 2018 como um paraíso entre as cidades espanholas.»
Gosto de pensar que os bons exemplos devem ser imitados. Se é verdade que na Galiza é notória uma marca regional forte, que dá traços identificativos a cada uma das suas cidades, também é verdade que cada uma delas possui a sua própria identidade que foi respeitada.
Aqui, a indústria (incluindo a naval), a agricultura, o ensino e a investigação, o comércio, os serviços de proximidade têm um papel de importância igualitário porque se entente a importância de cada um deles para que toda a sociedade funcione.
Não é o Estado a dirigir ou sequer a financiar cada um dos setores, mas o Estado está presente na definição de políticas locais, nacionais e europeias para que cada um dos seus parceiros cumpra o seu papel.
Acredito que os circuitos de comunicação e de decisão operem em ambos os sentidos, ou seja, do cidadão para o Governo (Municipal, Regional e Nacional) e vice-versa.
Cada vez que a Galiza fala em Independência, Madrid vacila…
Como ideia final fica a de que Pontevedra é o produto (nunca acabado) de anos de estudo, discussão e implementação de uma política que a fez crescer sem perder qualidade de vida para os que a habitam, atraindo outros mais. E esta é a parte que eu gostaria que fosse aplicada em Portugal: o Planeamento, o Estudo, a Participação para tomadas de decisão eficazes e construtoras de bem-estar e bem viver.
Se a algumas cidades faltam melhores salários, a outras qualidade ambiental, a outras escolas públicas e serviços à infância é isso que é preciso apurar para melhor decidir.
A decisão pública/política não pode basear-se em achismos momentâneos surgidos por inspiração individual. Essa é uma prática que nos tem saído demasiado cara.
A nós, cidadãos, cabe-nos a exigência de nos fazer ouvir e de participar nesse processo de decisão.

 

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