Trabalhadores concentraram-se à porta da empresa. Foto Reconquista
A menos de duas semanas de saberem o que vai acontecer à Dielmar, os trabalhadores da empresa de confeções de Alcains concentraram-se simbolicamente à porta da fábrica para impedir que o assunto caia no esquecimento. A assembleia de credores tinha sido antecipada para 6 de outubro mas perante o surgimento de novos interessados acabou adiada para dia 26. Apesar de declarada insolvente desde agosto, os salários continuaram a ser pagos através do Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva mas não se sabe ainda se o próximo estará certo.
“Temos mães sozinhas com os seus filhos, empregadas sozinhas viúvas e temos casais. Isto está a ficar muito complicado”, disse Anabela Vitorino, a porta-voz dos trabalhadores, numa declaração feita aos jornalistas à porta da fábrica.
Os representantes acreditam que “só com a intervenção do Governo, através dos apoios extraordinários, se poderá viabilizar uma proposta e continuidade para a nossa Dielmar” e que a empresa, fundada há 56 anos, tem experiência e nome “e muito facilmente regressará ao mercado”. Anabela Vitorino revelou ainda que estiveram reunidos recentemente com o presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, “que disse que ia fazer os possíveis e impossíveis”. Esta reunião aconteceu antes da tomada de posse do novo presidente.
Cristina Bernardo tem um passado de 36 anos na Dielmar e um futuro incerto. Para esta trabalhadora a indefinição é o pior dos cenários.
“Eu achava melhor mandar o pessoal para o desemprego até resolver a situação. Com esta pandemia e sem salário vai ficar tudo doente e a gente não quer isso”, disse ao Reconquista junto ao portão da fábrica. O encerramento está a afetar não apenas o grupo que trabalhava lá dentro mas a terra no seu todo. “É lojas, é cafés, está-se tudo a queixar”.
O Sindicato Têxtil da Beira Baixa solidarizou-se com esta concentração convocada pelos trabalhadores e Marisa Tavares, a presidente deste sindicato, disse ao Reconquista que não basta dizer que há propostas para a viabilização da empresa.
“Têm de ser trabalhadas e o Ministério da Economia tem um papel preponderante em todo este processo e tem de desempenhar efetivamente esse papel”.
Anabela Vitorino tem esperança que no dia 26 seja encontrada uma solução positiva. “Há uma luz ao fundo do túnel e eu sou uma senhora de fé a acredito nessa luz”.