Doutoramentos Honoris Causa: Homenagem à região

- 13/10/2016 - 9:30

Por bem achou a Universidade da Beira Interior conceder-nos o seu mais alto galardão – o doutoramento honoris causa.

Por bem achou a Universidade da Beira Interior conceder-nos o seu mais alto galardão – o doutoramento honoris causa. E esta tão honrosa concessão, julgamos ter sido determinada tomando-se em consideração, nas nossas atividades ou carreiras, relevâncias particularmente assinaláveis e merecedoras, pois, da distinção há pouco referida.
Mas afirmemos desde já que, neste presente ato universitário tornado público, se definem como distintas, na sua profundeza, nas respetivas concretizações, as itinerâncias de natureza intelectual por nós três percorridas, mas que, no entanto e apesar do que acabei de dizer, próximas numa saudável perspetiva de solidária comunhão com o universo, aliás tão ramificado, daquilo que se entende por cultura.
Na verdade, e pormenorizando, no professor Ryszard Kowaalczyk reconheceu-se, penso, relevantíssimo mérito como docente durante largos anos na Universidade da Beira Interior, pela mestria da sua docência no ensino das matemáticas (ensino e aprendizagem), demonstrando de forma apelativa, a sua importância na engenharia civil; à minha amiga Dr.ª Elisa Pinheiro o reconhecimento ter-se-à veiculado para a notável e superior atividade como diretora do Museu dos Têxteis (museu a cuja “pré-história” estou com paixão ligado) e, ainda, ao seu denodado e incessante empenho alicerçado na defesa do património industrial da cidade da Covilhã; finalmente, e pelo que a mim se refere, mais que quaisquer particularidades dignas de nota em carreira de docente do ensino secundário liceal ou superior politécnico, ou de museólogo também responsável por um museu do Estado, terá sido a contínua peregrinação pelos atributos da vida como criador de poesia que mais sensibilizou a Universidade da Beira Interior na concessão desta honraria.
Porém, neste ‘triangulo’ de personalidades dissemelhantes não oferecerá dificuldade o apuramento ou deteção de precisas saliências que, muito possivelmente, também terão sido objetivadas pelos órgãos da Universidade da Beira Interior. E nesses termos, começo por evidenciar o facto de o professor Kowalcyk possuir a nacionalidade polaca – certeza que me conduz a descortinar na nossa Universidade uma recôndita força e firmeza capaz de chamar até si vultos, figuras, a laborarem em região tão distante do nosso país, mas intensamente atraídos por um prestígio de larga dimensão e que engloba muitas geografias – prestígio indiscutível, incontestável e que colora, mediante tantos superiores e luminosos matizes, a Universidade da Beira Interior. Na minha amiga, Dr.ª Elisa Pinheiro, e porque a Universidade é (repito) é da Beira Interior, a UBI apreendeu nela o vivido entusiasmo de uma covilhanense entregue de alma e coração ao funcionamento de um museu (muitas vezes premiado) e à incansável tarefa de defender os valores patrimoniais da terra que a viu nascer. Quanto a mim, e ainda que mérito específico não tenha sido percebido no conjunto da minha obra poética, restar-me-à acreditar todavia que a UBI se emocionou talvez pela persistência, pela constância relativamente ao ritmo de publicações e dos multifários segmentos que formalizam essa mesma obra poética.
E vou terminar. Encontramo-nos na cidade da Covilhã, local de grandes humanistas que souberam, pela sua obra, materializar a substância mais nobre do humanismo – essa que se estrutura na célebre asserção do genial Sófocles: “Muitos são os prodígios, mas nenhum maior que o próprio homem” – e quero evocar, então, Frei Heitor Pinto, do séc. XVI, e António Alçada Baptista, do séc. XX. Desejo ainda lembrar que daqui saíram, no séc. XVI, dezenas e dezenas de jovens para estudarem na Universidade de Salamanca.
Finalizo. E estas últimas palavras (e certamente que interpreto sem oscilações de pensamento o sentir dos meus colegas) são para vos expressar, Magnífico Reitor e sapientes doutores, o nosso profundo reconhecimento pela honra que a Universidade da Beira Interior nos concedeu acolhendo-nos no seu seio, e para solenemente vos afirmar que, no futuro, procuraremos ser dignos de tal distinção.
Texto de agradecimento lido em nome dos três homenageados