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Hamas, quem és tu? (1). O fanatismo mata

Florentino Beirão - 09/11/2023 - 12:04

Não bastava a sangrenta guerra da Ucrânia, para complicar as nossas vidas. Agora, sem que tal fosse esperado, rebentou também no Médio Oriente mais um novo conflito. Este entre os fanáticos terroristas do Hamas, um movimento islamita do território palestino de Gaza e o Estado judaico de Israel. Tudo começou com a invasão inaceitável e cruel dos fundamentalistas e radicais guerrilheiros do Hamas, sobre territórios israelitas, situados nas imediações das fronteiras de Gaza. Com visões maniqueístas, seculares e religiosas, com argumentos radicalizados, as partes em conflito manifestam visões antagónicas na sua visão do mundo.

Para já, o balanço desta contenda é trágico. De um lado e do outro, os mortos e feridos têm sido uma imensa loucura.

Os números falam por si. Os ataques israelitas no território de Gaza, segundo o seu ministério da Saúde, já mataram desde o dia sete de Outubro, 4 651 palestinianos, 40% dos quais crianças. Pelo menos 14.245 pessoas terão ficado feridas, das quais 70% são mulheres e crianças.

Da parte de Israel, até agora, já foram identificados 769 civis mortos no ataque do Hamas, que fez pelo menos 1 400 mortos, incluindo mulheres e crianças em comunidades ao longo da fronteira e num festival jovem de música. Segundo o governo israelita, pelo menos 21 crianças de 13 famílias massacradas, perderam os dois pais no ataque do Hamas de onde resultou ainda 222 reféns de um ano e mais do que 85 que foram escondidos nos túneis de Gaza. Até ao momento, apenas quatro reféns foram libertados por motivo de saúde, e certamente para o movimento Hamas melhorar a sua imagem internacional. Os números atrás referidos de mortes e feridos têm aumentado todos os dias.

Mas, afinal, quem e o que pretende este grupo radical e terrorista do Hamas que desafiou o Estado judaico de Israel? Qual a sua ideologia e quais são os seus objectivos principais?

Vejamos um pouco da sua história.

Desde 1988 que o movimento do Hamas começou a dar nas vistas, ganhando em votos o poder político e religioso na facha de Gaza que se encontrava nas mãos da Organização de Libertação da Palestina (OLP).

A inspiração doutrinária do Hamas foi bebida no xeique Ahmed Yassin líder espiritual e fundador do Hamas, o qual sugeriu que Israel está destinado a ser varrido das terras da Palestina. O seu slogan é o seguinte: “Alá é o objectivo, o Profeta Maomé o seu modelo e o Alcorão a sua Constituição. A Jihad é o seu caminho e a morte na senda de Alá o mais sublime dos seus desejos”. O estatuto da terra da Palestina é apresentado em coerência com a visão religiosa -política do mundo do Hamas. “Uma dádiva de Alá consagrada para as futuras gerações de muçulmanos, até ao Dia do Julgamento”.

Quanto à forma de reverter a actual situação da Palestina, aponta-se o caminho da “jihad” que consiste na guerra santa contra os invasores judeus israelitas. Esta luta, segundo o Hamas, torna-se um dever individual de cada muçulmano, face à usurpação da Palestina pelos judeus.

Este dever inclui as mulheres “fazedoras de homens” com um papel não menos importante do que o homem na batalha da libertação. Dizem eles que, tendo os inimigos do Islão percebido a importância da mulher, consideram que se” forem capazes de encaminhar a mulher e leva-la da maneira como desejam, muito longe do Islão, vão ganhar a batalha”. É uma alusão e rejeição das formas de emancipação feminina à maneira ocidental, onde se promove a igualdade de género e os valores seculares.

O Hamas apela muito às vitórias dos muçulmanos na longa história muçulmana tentando assim persuadir os seus fiéis de que a sua vitória é possível hoje, como aconteceu anteriormente. Partem do princípio de que a criação do estado judaico de Israel viola os direitos inalienáveis do povo palestiniano, contrariando a sua vontade e a vontade da comunidade dos crentes no Islão. Segundo o Hamas, o que aconteceu na Palestina, em termos de ocupação, construção de colonatos, judaização é ilegítimo”. Por tudo isto, é fácil compreender a dificuldade de colocar um ponto final numa guerra que já se prolonga desde 1948.

A solução para este longo e doloroso conflito, para muitos políticos, só poderá ter uma solução. A criação de dois Estados independentes.

florentinobeirao@hotmail.com

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