Parece que foi ontem que às 7H00 da manhã encontrei nas ruas de Marvão o Sr. Custódio que me deu a novidade: “começou a revolução”. Foi um dia memorável que pôs fim à guerra das colónias, democratizou o país e promoveu o desenvolvimento geral do nosso país, como recordam os nossos bispos em nota pastoral agora publicada. Acrescentam a conquista da liberdade política, a dedicação de tantos nas autarquias e no Estado, a nossa integração na Europa como atos positivos que se seguiram à revolução de abril. Foram atingidas novas metas nos campos da família, da habitação e do trabalho, da educação e da saúde, e de tudo o que garanta uma vida digna a quantos somos hoje, seremos amanhã.
Contudo ainda há muito por fazer e por isso é preciso não parar e por em prática os quatro princípios permanentes da Doutrina Social da Igreja: “dignidade da pessoa humana, bem comum, subsidiariedade e solidariedade”.
Sobre a democracia dizem os nossos bispos: é necessário que ela conte com a liberdade e responsabilidade dos cidadãos, devidamente respeitados e estimulados para o incremento do bem comum, lembrando quanto à paz que “é fruto da justiça, dando a cada um o que é devido para viver e conviver dignamente”.
Os católicos muito contribuíram para que acontecesse o 25 de abril. Os próprios bispos em carta publicada a 4 de maio de 1973 diziam: “Não podemos descansar enquanto a expansão económica favorecer desmedidamente alguns, sem proporcionar a todos os cidadãos a parte equitativa que lhes cabe na produção e distribuição dos bens. Não podemos deter-nos no caminho do progresso, enquanto a agricultura continua a ser um setor deprimido no confronto com a indústria e os serviços, enquanto as possibilidades de acesso à educação e à cultura não estiverem generalizadas a todos os portugueses, enquanto houver quem se sinta indefeso perante a doença e a velhice”.
Agostinho Dias
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