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Ideias & Factos: A dignidade de quem trabalha

Agostinho Dias - 02/05/2024 - 9:40


Há 50 anos que se celebra o 1.º de maio em Portugal, como o “Dia do Trabalhador”.
É uma oportunidade para “recordar, redescobrir e revisitar” os desafios do trabalho e da dignidade humana, diz-nos o padre operário, Constantino Alves, da diocese de Setúbal. De facto hoje “o salário mínimo não dá para viver. Há esta grande pobreza: trabalha-se, não dá para comer e para a habitação. São problemas gravíssimos”, acrescenta.
No entanto em Portugal existe a 8.ª maior carga fiscal sobre o trabalho na OCDE e está a aumentar desde 2019; este ano é a 5.ª subida consecutiva; os trabalhadores pagam para impostos 42,3% do que ganham; a média na OCDE é de 34,8%. São principalmente os trabalhadores e pensionistas que financiam as receitas do IRS. Isto faz com que 1,3 milhões de pensionistas vivam abaixo do limiar de pobreza, com menos de 591 euros por mês; acontece mesmo que 273 mil recebem menos de 278,05 euros, que é o que corresponde à pensão mínima nacional. Para compensar há os complementos sociais de reforma, cujo número dos que os recebem tem vindo a aumentar…
Volto às afirmações do P. Constantino: “É um dever da Igreja estar atento a estas questões, trabalhá-las com os leigos e a ajudar a formar a consciência cívica, política, social dos cristãos nas intervenções, porque a formação dos cristãos deve ser formação no seu todo, não apenas na parte do culto, da liturgia, da comunhão, da catequese, mas naquilo que é o principal na vida de um leigo. O que é que nos ensina a Igreja? É a sua condição secular: estar no mundo da cultura, da família, do trabalho, com os valores do Evangelho e serem cristãos prioritariamente. Mas faz-se ao contrário: normalmente formam-se cristãos para gostarem da Igreja, quando se devia formar cristãos para o mundo”.

 

Agostinho Dias agostinho.dias@reconquista.pt

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