Uma sondagem feita pela Aximage diz que a subida de preços, fruto da inflação, obriga dois terços dos portugueses a cortarem na alimentação; mais de metade adia compra de carro, casa, eletrodomésticos e férias. De facto a inflação aperta e pode estar à beira dos 10%, enchendo o bolso de alguns espertos que se aproveitam da ocasião. A perda de compra dos portugueses recai sobretudo nos que têm rendimentos mais baixos.
O Padre Agostinho Jardim, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, atribui à guerra da Rússia contra a Ucrânia a culpa desta inflação, em entrevista à Renascença e Ecclesia, dizendo que “há um ataque direto e absurdo na guerra contra o ser humano para o destruir”. Falando da Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Pobres, que “insiste que estamos numa sociedade que se carateriza pela proposta da felicidade no possuir, no ter, no lucro, mas a felicidade está no ser”. E continua: “Eu acho que é a esta luta hoje entre o ter e o ser que nós assistimos aqui na Europa, com o sistema capitalista a enveredar pelo lucro, enquanto a Igreja propõe a felicidade sem o lucro, mas a viver a bem-aventurança da pobreza, isto é, usando os bens, mas sem serem o objetivo da sua existência.”
Falando da guerra ele diz: “a guerra pode durar mais um ano, porque não importa, o que importa é que as forças militares tenham poder para dizimar. O importante é repelir a ameaça do inimigo. Não importa, neste momento, quem é que vai sofrer para pagar esta guerra. O objetivo não é cuidar das pessoas, mas defender ideologias e forças políticas e estratégicas. Quem é que vai ser amigo de quem… os ucranianos são apenas o pivô de uma discussão que não vai parar tão cedo.”
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