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Ideias & Factos: Os sacrifícios do amor

Agostinho Dias - 09/06/2022 - 10:01

A crise económica em Portugal mantem-se e a pobreza que este governo prometia erradicar, pelo contrário está a aumentar. A campanha do banco Alimentar realizada no final de Maio foi fundamentada nesse pressuposto: mais de 2 milhões de pobres, com duas mil crianças com risco de desnutrição. A inflação já fez com que o cabaz de bens alimentares este ano já tenha aumentado 22 euros; pescado e óleo lideram essa subida, mas também aqueles que estão a pagar as suas casas à banca vêem o aumento dos juros a subir continuamente. As cantinas escolares onde se refugiavam muitas crianças para se alimentarem convenientemente, também estão a entrar em rotura por falta de quem queira explorá-las apenas pelos 2,5 euros por refeição. O orçamento de Estado não compensou a inflação galopante a que vimos assistindo e por isso os pobres continuam cada vez mais pobres e com mais dificuldades. A questão não se resolve apenas com campanhas para angariar alimentos para o Banco Alimentar. Como diz a Fratelli Tutti no nº. 187 é preciso ir até aos sacrifícios do amor:  “Esta caridade, coração do espírito da política, é sempre um amor preferencial pelos últimos, subjacente a todas as ações realizadas em seu favor. Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade. Um tal olhar é o núcleo do autêntico espírito da política. Os caminhos que se abrem a partir dele são diferentes dos caminhos de um pragmatismo sem alma. Por exemplo, “não se pode enfrentar o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que só tranquilizam e transformam os pobres em seres domesticados e inofensivos. Como é triste ver que, por detrás de presumíveis obras altruístas, o outro é reduzido á passividade”. O necessário é haver distintos canais de expressão e participação social. A educação  está ao serviço deste caminho, para que cada ser humano possa ser artífice do seu destino. Demonstra aqui o  seu valor o princípio de subsidiariedade, inseparável do princípio de solidariedade”.
Agostinho Dias
agostinho.dias@reconquista.pt

 

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