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Ideias e factos: Vida dos pobres

Agostinho Dias - 07/10/2021 - 9:33

Com a devida vénia transcrevo do jornal “O gaiato” uma notícia do P. Acílio de Setúbal que reza assim:
“Foi no passado dia 14 de julho que entregámos oficialmente a casa à família da Ana.
Para lá chegarmos tivemos de percorrer caminhos penosos como pagar às finanças dívidas que o pai das crianças contraíra, com um carro velho, em nome dela. Não deu baixa do veículo, passou pela via verde sem registo, muitas vezes, fez trinta por uma linha em nome da desgraçada.
O Estado não perdoa juros e dever-lhe não é um encargo como qualquer outro, os números estão sempre a subir, a seu favor, de forma que, para fazer a escritura da casa, em seu nome, tivemos de pagar 1300 euros de dívidas às finanças e a outras entidades.
Eu não sei se haverá maneiras de se conseguir isenção destas custas, mas nós, os pobres, não conhecemos mais nada. A única forma de andar para a frente é pagar em silêncio, forçadamente.
Alguns ricos conseguem fugir aos impostos, aldrabar o Estado, comer à grande e safam-se. São poderosos. Os pobres, ao contrário, têm que pagar, nem que seja com a prisão.
O prédio tem gás canalizado, mas o andar adquirido não tinha. Foi preciso liga-lo com mais despesas, perto de novecentos euros”.
Numa altura em que acabámos de ouvir partidos políticos e presidentes de câmaras a prometer habitação a preço acessível, faz-nos bem ouvir esta reflexão de um caso real. A vida dos pobres não é fácil e não se cura só com promessas…
O nº. 188 da Evangelii Gaudium diz “a palavra solidariedade significa muito mais do que alguns atos esporádicos de generosidade; supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns”.

Agostinho Dias
agostinho.dias@reconquista.pt

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