( Entre Giestas de Carlos Selvagem )
Há pouco tempo a Srª. D. Maria Ermelinda Salavisa e Costa Teles Monteiro fez questão em mostrar-me a mesa onde o Carlos Tavares de Andrade Afonso dos Santos escreveu a peça Entre Giestas, numa casa junto à Igreja de Juncal do Campo. Obra que seria concluída em Julho de 1916, cumprindo agora um século de existência.
Oportunidade para deixar algumas notas, se bem que a melhor homenagem seria levar à cena esta obra.
As entidades culturais melhor saberão preservar a memória.
No livro - Castelo Branco no Trabalho, de 1929, páginas 52 a 61, o autor Artur Elias da Costa analisa superiormente a referida peça, pelo que me permito salientar alguns trechos: - “ A peça mais querida dos albicastrenses é o Entre Giestas, de Carlos Selvagem, e justamente apreciada pela viva cor local que têm o cenário, o entrecho e a linguagem. Ela desenha com uma habilidade magistral a vida pura e simples do camponês, sem omitir seus defeitos, esta vida e estes defeitos que já só encontramos nos recessos mais recônditos da província, e que passa necessariamente ignorada daqueles que julgam poder avaliar a região por uma visita ocasional à sede do distrito.
...O elemento amoroso da peça emigra para reorganizar a sua vida...
Esgarça-lhe as entranhas o remorso de ter desacreditado uma órfã inocente e pura, que lá fica na aldeia a expiar na vergonha o crime que não cometeu.
Porém... Os sentidos... não são estranhos a este quedar de acção, a este reflectir no que vai fazer: sente esmagadas contra si as formas ondulantes da preciosa mulher; abrasa-lhe o sangue o cálido aroma das suas carnes frescas. A razão acudindo ao conflito de sentimentos encontrados, a vingança e o amor, brada-lhe que faça pé atrás...”
Cem anos volvidos não faltam exemplos de como o Amor é denegado perante os direitos das crianças e/ou dos velhos, e o direito à vida é trocado por miúdos.
É longo o caminho, não esperemos que sejam os outros a dar os primeiros passos.
Parafraseando Jean Paul Sartre: - A revolução tem que acontecer dentro de cada homem.
E que vença o AMOR!