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25 de Abril: A revolução no Liceu de Castelo Branco

Reconquista - 24/04/2024 - 9:30

Livro apresentado este sábado. No Liceu de Castelo Branco o 25 de Abril foi vivido de forma intensa por alunos e professores. A liberdade e a democracia trouxeram um mundo novo.

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Moisés Fernandes, João Ruivo, José Lopes, João Carrega, Afonso Camões, Carlos Fernandes e João Goulão, promotores da obra

Em Abril de 1974 Castelo Branco era uma cidade pacata e pouco desenvolvida. O Liceu de Castelo Branco era a escola de excelência, onde imperava o rigor e o respeito superlativo exigido por um regime que os mais jovens procuravam, em voz baixa, contestar. A revolução de 25 de Abril trouxe aos alunos que na altura ali estudavam uma adrenalina própria de quem, pela primeira vez, poderia ser livre nos atos e nos pensamentos. Foi todo um mundo novo, onde rapazes e raparigas, agora juntos num mesmo pátio, passaram a expressar as suas posições.

Da tomada da sala “da Bufa” (antigo espaço, na cave do Liceu, da Mocidade Portuguesa), à exigência do saneamento do reitor, conotado com o antigo regime, e à realização de Reuniões Gerais de Alunos, passando pela criação da associação de estudantes, ou pela constituição da Comissão de Gestão, que incluía o Conselho Diretivo e três alunos eleitos de forma democrática, muitos foram os momentos vividos no Liceu que marcaram alunos, contínuos e professores.

O livro “A revolução de Abril no Liceu de Castelo Branco”, que será apresentado no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril em Castelo Branco, conta uma história com muitas destas «estórias» vividas na primeira pessoa, por quem, na altura, ali estudava ou ensinava. Uma história suportada com documentos que Moisés Fernandes, hoje médico e cirurgião ortopedista, guardou durante estas cinco décadas.

O espólio permitiu selecionar correspondência entre as diferentes estruturas estudantis de outras escolas portuguesas; cartas de políticos, como a que Mário Soares escreveu ao então Presidente da República sobre o jornal República; jornais regionais, nacionais e partidários; panfletos das primeiras eleições democráticas em Portugal, com destaque para as autárquicas em Castelo Branco; fotografias ou convocatórias e ordens de trabalho de diferentes reuniões.

Se aqueles documentos, por si só, mereceram atenção redobrada, as moções que os estudantes apresentavam nas Reuniões Gerais de Alunos (RGA) representam uma mais-valia para esta obra. Escritas à mão, em pequenos pedaços de papel, no calor dos ideais revolucionários e libertários, transportam-nos para o tempo em que a Democracia abriu portas à Liberdade.

São esses mesmos documentos que servirão de suporte a uma exposição que durante este ano ficará patente em Castelo Branco, como forma de registar a história vivida no Liceu por alunos (cujos rapazes tinham em cima de si a perspetiva de serem mobilizados para guerra do Ultramar) e professores.

ESPÓLIO Moisés Fernandes presidiu a RGA’s e guardou uma grande maioria dessas propostas que lhe eram entregues e que, após uma seleção aturada, são publicadas no livro. Os conteúdos, diversificados - a que se juntaram os de outros intervenientes -, mostram a riqueza da jovem democracia e uma vontade imensa dos estudantes quererem ser donos do seu destino

A obra, com cerca de 300 páginas, tem como coordenadores o médico Moisés Fernandes, o técnico superior Carlos Fernandes (Passarão) e o jornalista João Carrega, a que se juntam na equipa de promotores do livro o jornalista Afonso Camões, o juiz Conselheiro José Lopes, e os professores João Goulão e João Ruivo. O livro integra ainda o testemunho dos antigos alunos Josefina Fernandes (hoje Procuradora da República), José Alves Ramos (hoje técnico na autarquia e que exerceu as funções presidente da Associação de Estudantes), Isabel Ceia Moura (educadora de infância), Joaquim Duarte (jornalista), e João Carlos Graça (professor). Apresenta também textos dos restantes professores que com João Ruivo faziam parte do Conselho Diretivo, Adelaide Salvado e Carlos Correia (o engenheiro Hormigo e a professora Ludovina já faleceram).

O livro, com edição exclusiva da RVJ Editores, encerra com um arquivo avulso, onde surgem diferentes documentos, que são o testemunho de como Castelo Branco passou a lidar com a democracia.

 

Antigos alunos do Liceu fazem encontro

Os antigos alunos do Liceu de castelo Branco realizam, no próximo dia 27, um convívio inserido nos 50 anos do 25 de Abril. A iniciativa terá início às 14H30, com a receção dos participantes, na Secundária Nuno Álvares, seguindo-se às 16H00 uma sessão de cumprimentos pelos presidentes da Câmara e da Junta de Freguesia e do diretor do Agrupamento de Escolas Nuno Álvares, seguida de um descerramento da placa alusiva ao evento; e uma visita guiada às instalações.

O programa inclui ainda uma visita ao Parque do Barrocal e/ou Museu da Seda. O encontro terminará com um jantar convívio no Hotel Colina do Castelo e com um baile. A comissão organizadora é composta por Hermínio Bispo, Maria do Carmo Batista, Ana Maria Sal, João Amaro, Carlos Fernandes e António Paralta.

COMENTÁRIOS

Maria Delfina Louro Margarido
7 Dias atrás
Estive quase a ir estudar para esse Liceu, tinha uma tia que morava qusase em frente Aĺ Alvares Cabral. Com a guerra colonial foram se embora, eu fui para Potalegre.