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O encontro com a eternidade

Fabião Batista - 02/02/2017 - 10:40

Foi no dia 23 de novembro, há portanto dois meses, que Manuel Mota Saraiva, deixou a vida eterna, onde durante 78 anos desenvolveu a sua operosa atividade profissional.

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Foi no dia 23 de novembro, há portanto dois meses, que Manuel Mota Saraiva, deixou a vida eterna, onde durante 78 anos desenvolveu a sua operosa atividade profissional, ora como prestigiado e diligente funcionário da Circunscrição Técnica dos CTT de Castelo Branco, ora como operoso e brioso ativista das Conferências de São Vicente de Paulo, ajudando a pobreza, bem como todas as pessoas mais desprotegidas da sorte.
Ainda jovem, dedicou-se ao jornalismo desportivo, sendo o “braço direito” e grande apoiante do saudoso Homero Graça, o qual tinha à responsabilidade, a Secção Desportiva do semanário “Reconquista”, uma verdadeira escola de profissionais da comunicação social.
Desde há anos que Mota Saraiva tinha abandonado a sua veia redatorial, para se dedicar, de alma e coração, à prática da benemerência, tendo dirigido, durante vários anos, a Cáritas Interparoquial, em Castelo Branco.
Ao recordar a vida de Mota Saraiva e o modo esmerado como ele se entregava a proteger a pobreza, fez-me pensar, profundamente, sobre as perguntas que Deus, eventualmente, fará tanto a ele como a qualquer outro mortal…
Decerto não lhes irá perguntar, nem a marca, o modelo, a cor ou a cilindrada dos carros que já tiveram, mas decerto quererá saber, quantas pessoas carenciadas visitou e quantos pobres protegeu, durante a sua vida terrena.
Decerto que não lhe irá perguntar se viveu num apartamento, numa vivenda ou num palácio, mas com certeza quererá saber, a quantas pessoas deu guarida…
Não perguntará, quantos fatos usou, quantos casacos vestiu e quantas gravatas colocou, mas quererá saber quantas pessoas vestiu e quantas calçou…
Não irá interrogar sobre qual o saldo da sua conta bancária. Mas há-de indagar sobre se todo o dinheiro que amealhou, foi utilizado em proveito dos mais carenciados e necessitados…
Deus não se irá dar ao trabalho de inquirir qual a sua ocupação profissional, mas vai querer saber se foi diligente na sua função laboral, se procedeu com urbanidade e correção para com os seus superiores hierárquicos e inferiores…
Deus não irá perguntar quantos amigos teve ou em quantas estúrdias participou, mas sim, quererá saber quantos amigos protegeu e quantos desviou de maus caminhos. Não irá perguntar em que país, cidade, povoação rua ou viela morou, mas quererá saber qual foi o relacionamento que houve com os vizinhos…
Deus não indagará qual a cor da nossa pele, a tonalidade do cabelo, ou a cor dos olhos, mas vai perguntar como vivemos e convivemos com os nossos companheiros, independentemente da raça, etnia, cor, linguagem, religião ou cromatologia política.
Deus não irá perguntar qual o grau de habilitações literárias, mas sim irá indagar como administrámos os talentos que Ele nos concedeu e como pusemos a render os nossos talentos e atributos intelectuais, as nossas aptidões físicas, ou se as escondemos debaixo do colchão, malbaratando o que devíamos ter colocado a render, em benefício da sociedade onde vivemos, das comunidades mais carenciadas ou dos desprotegidos da sorte.
Se calhar, Deus nem nos perguntará quantas vezes assistimos à Missa ou quantas vezes frequentámos os Sacramentos, mas, no entanto e com toda a certeza, vai querer saber se O amamos sobre todas as coisas e ao próximo como a Ele mesmo. Se O adoramos e o vemos na pessoa do nosso Irmão que Ele colocou no nosso caminho – simpáticos; com bom ou mau feitio; dotados de bom humor ou quezilentos; risonho ou sorumbático. – É precisamente aqui, que irá residir uma das maiores dificuldades das nossas respostas…
Porém, estou certo que para Manuel Mota Saraiva, não haverá dificuldade em dar respostas a todas estas perguntas. Que descanse em paz, quem em paz sempre viveu e que Deus lhe tribute a coroa da eternidade, entre esplendores de luz perpétua.

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