Memórias: Estudo compara resposta à pneumónica e à Covid-19

Reconquista - 03/04/2021 - 10:30

Arquivos municipais, livros ou imprensa regional são alguns dos apoios para os investigadores reconstituirem o que se passou à época.

 

Equipa esteve em Proença-a-Nova mas o estudo incide sobre o Pinhal Interior Sul

O Instituto de Educação da Universidade de Lisboa está a desenvolver um estudo que visa avaliar a resposta que os municípios do Pinhal Interior Sul responderam à gripe pneumónica (1918-1919). O Projeto “Memórias Resgatadas, Identidades (Re)construídas”, está a recolher dados nos concelhos de Proença-a-Nova, Sertã, Oleiros, Mação e Vila de Rei, comparando a resposta que estes municípios deram àquela que também ficou conhecida como Gripe Espanhola, com a que estão à crise de saúde pública provocada pela Covid-19.

A investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com cofinanciamento do programa Compete2020, Lisboa2020, Portugal2020 e União Europeia, é coordenada pela investigadora Ana Isabel Madeira, mas conta também com Helena Cabeleira e António Manuel Silva, que se encontram a visitar os arquivos municipais. “Andamos à procura de elementos nos livros de atas das sessões de câmara e das comissões administrativas locais, da imprensa local e regional da época, nos livros dos cemitérios e nos livros de registos de correspondência, das entradas e saídas”, refere António Manuel Silva, dando como exemplo que “no dia 30 de outubro de 1918 foram enterradas 11 pessoas no cemitério de Proença-a-Nova”.

Sendo que o objeto principal de investigação do projeto é “a exploração da memória e do património histórico local relacionados com a educação, o ensino e a escola em meio rural”, estão a ser avaliados particularmente os aspetos interligados com este tema, nomeadamente “se as escolas fecharam e as aulas foram suspensas”.

Apesar de ainda ser cedo para apresentar conclusões, o município de Proença-a-Nova já registou algumas curiosidades relacionadas com o município, como por exemplo, a mortandade da população que foi transversal a todas as aldeias, tal com a fome, devido a escassez de cereais, já que a Europa estava a sair da I Guerra Mundial quando se confrontou com a pneumónica.

Paralelamente, a equipa continua a trabalhar sobre os dados já recolhidos para constituir uma “Memória da Educação” ao nível local, identificando o património material e imaterial associado à Educação e ao Ensino (edifícios, iconografia, biografias de pedagogos e professores, efemérides, museus escolares, imprensa local e regional, estatística escolar ou visitas de estudo).

Qualquer pessoa que tenha elementos por partilhar pode contactar a equipa através do sitio na internet ou na página do projeto no Facebook.