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Leitores: Castelo Branco tremelica nas asas da desertificação

Abílio de Jesus Chaves - 24/11/2016 - 10:07

Há umas décadas atrás, Castelo Branco foi uma das cidades do interior que mais cresceu e se desenvolveu. Esse crescimento deveu-se a diversos factores circunstanciais, todos eles, assentes em alicerces pouco sólidos, por isso, agora ressente-se e a desertificação processa-se de modo continuado.

 

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Há umas décadas atrás, Castelo Branco foi uma das cidades do interior que mais cresceu e se desenvolveu. Esse crescimento deveu-se a diversos factores circunstanciais, todos eles, assentes em alicerces pouco sólidos, por isso, agora ressente-se e a desertificação processa-se de modo continuado.
Como se sabe, embora possua uma zona industrial bem organizada e estruturada, os investimentos industriais em Castelo Branco, que são a pedra angular de qualquer sociedade em desenvolvimento contam -se pelos dedos das mãos. Não são suficientes para garantir o nível da população. A juventude que por aí ainda vai estudando, não consegue aqui arranjar emprego e acaba por se ir embora, ou para Lisboa, ou para o estrangeiro. É certo que o problema da desertificação de Castelo Branco é extensivo a todo o interior do país, não se reflecte só nesta cidade, até mesmo em Lisboa isso acontece, embora na capital, não se faça sentir com tanto rigor porque os que abalam acabam por ser substituídos por imigrantes vindos de outras paragens e também por muitos jovens idos do interior do país, por não encontrarem emprego nas suas cidades ou vilas. Esta situação era esperada, por soarem ainda com fragor os ecos do após 25 de abril, ao serem desactivadas  as  grandes  empresa nacionais:      Companhias Colonial e Nacional de Navegação de transportes marítimos, Paquetes de  Cruzeiro tais como: Santa Maria, Príncipe Perfeito, Vera Cruz, Ponta Delgada, outras empresas,  Sorefame, Siderurgia Nacional, Lisnave, etc. e as atuais empresas de serviços terem passado para as mãos de estrangeiros). Sem empresas, não há postos de trabalho. Daí, à fuga do país de grande quantidade de jovens e menos jovens para o estrangeiro foi um passo. Em 2014, segundo estatísticas governamentais, emigraram 134.624 portugueses, é obra. Os nossos governantes, perante a incapacidade de arranjar empregos, olham para este flagelo como tábua de salvação, até houve um, que instigou os portugueses a emigrar. Pior que isto, só a trágica derrota de Alcácer-Quibir que ceifou a vida a muitos milhares de jovens portugueses e que ficaram Portugal exausto ao ponto de perder a independência. Estão a surgir as consequências das políticas até aqui em vigor: excesso de idosos em relação à população activa e grande quantidade a viver isolados e sós, porque os filhos emigraram e as suas reformas não dão para pagar lares. Enorme quantidade de gente reformada. Segurança Social com dificuldades por falta de verbas por haver menos gente a descontar. Serviços de saúde sobrecarregados por terem que fazer face a uma população envelhecida. Menos nascimentos etc.. Depois, no equilíbrio das conveniências, acabamos por ser sempre prejudicados, emigram e dispersam-se os nossos galaico-durienses, luso-castelhanos, toledanos e mariano ou béticos, gente qualificada e nova e recebem-se imigrantes sem qualificação. A pretensa   coordenação das políticas dos governos centrais com as suas prédicas emergentes, não conseguem produzir quaisquer resultados positivos, mas nas quais, teimam indefinidamente. É a habilidosa desculpa a alijar responsabilidades para mascarar o que está à vista de todos. O interior mais profundo do país é o primeiro a sofrer as consequências. Em Castelo Branco, basta olhar para as habitações devolutas e as que estão à venda, é de pasmar. Na Avenida do Amieiro com um comprimento de 200 metros, á dias contei lá onze apartamentos a vender. Depois, foi ver o Primeiro  Ministro- António Costa, sentado no trono a esgrimir soluções para dar cobertura às imposições da UE nos défices orçamentais existentes e no OGE para 2017, mas não buliu em nenhuma das causas que nos levam a este drama. A UE que sabe bem o que cá se passa, ficou desconfiada com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP ao governo do P.S. e, numa cavalgada de paixões direitistas, partiu célere para a ameaça de sanções e cortes nos fundos estruturais etc. Porque para eles, a regra tácita é a obediência cega para continuar a ser considerado o bom aluno e não escangalhar o sistema liberal burguês vigente. Por isso, nesta apreciação, entra em jogo a relatividade da moral. Então não esteve cá a  troika  a ganhar e bem? Porque não mandou e tinha força para isso, morigerar os costumes consubstanciados nos privilégios e nos interesses estabelecidos, que têm ao longo dos tempos esfacelado a economia desta Nação e o seu povo, ao qual lhe resta o sombrio e esconso pesadelo ou as constantes emigrações, embora caiba muito bem no seu país, ao contrário de muitos outros, mas não consegue arranjar nele, o pão de que necessita. 

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