Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Guerras e poluição nos devoram

Florentino Beirão - 26/10/2023 - 9:39

Não bastava a prolongada e mortífera guerra da Ucrânia para nos complicar a vida. Agora, assistimos também á guerra entre o Hamas e Israel. Acrescentemos ainda o conflito que envolve os Arménios. Barris de pólvora a alastrarem-se em várias partes do mundo.
Bem nos avisou recentemente o filósofo Edgar Morin quando nos advertiu” que a mundialização que foi sobretudo económica e que nos ofereceu uma comunidade de destino, não foi capaz de criar a solidariedade entre os povos. Pelo contrário, foi com ela que vimos incendiarem-se conflitos, emergir o racismo e o hipernacionalismo”. Por isso, acrescenta que “ navegamos num imenso oceano de incertezas, onde existem apenas pequenas ilhas para nos irmos reabastecendo”.
Se bem compreendermos os tempos que nos é dado viver, as velhas democracias estão a perder a sua antiga energia com os regimes totalitários a alastrarem-se cada vez mais, conquistando novos espaços. Quando as democracias perdem a sua vitalidade, os radicalismos pulam rapidamente por todos os lados, difundindo as suas enganosas ideias, prometendo futuros mundos perfeitos. Tanto a Rússia como a China, incluindo a Turquia, Israel, a Polónia e a Hungria, e ainda alguns países da América Latina, vão mantendo regimes despóticos, embora com uma fachada democrática. Mesmo onde se realizam eleições ditas democráticas, na prática, o poder constituído não dá margem a qualquer veleidade democrática séria. São eleições viciadas e controladas sempre pelos mesmos que se mantêm no poder que vão exercendo despoticamente.
Deste modo, os conflitos provocados por estes regimes autocráticos espalhados pelo mundo estão a tornar-se cada vez mais perigosos porque potencialmente podem ser o princípio de uma escalada que aumente o risco de degenerar em novas guerras.
Como uns países arrastam outros para o abismo, todos podem cair numa infernal situação da qual nada resulta de benéfico para a humanidade.
É o caso do recente conflito entre Israel e o Hamas, com atrocidades mútuas, rebentando inesperadamente, acabaria por deixar o mundo perplexo. Nada previa mais este sangrento conflito. Nem Israel, com os seus serviços secretos de segurança considerados dos melhores do mundo. O mesmo tinha acontecido na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Por tudo isto, o mundo está cada vez mais perigoso. Os recentes massacres do Hamas sobre os Israelitas e vice-versa, não poupando crianças e jovens, são bem o símbolo de como as guerras podem degenerar numa brutalidade que atira o ser humano para a categoria de ser irracional. 
Há meio século que o sangue é derramado naquelas terras que deviam ser de Paz, segundo os princípios das três religiões do Livro ali implantadas, há milhares de anos.
Mas os tempos de incerteza não se reduzem apenas aos conflitos mundiais, relacionados com as guerras. Há um outro conflito mundial que nos envolve a e que não deixa de ser também muito perigoso. O Papa Francisco acaba de chamar a atenção para este fenómeno na sua última Exortação Apostólica de 04.10.23 (Laudato Deum), sobre as alterações climáticas e os seus malefícios para toda a humanidade. Adverte-nos o Papa: “Por muito que se tente nega-los, os sinais da mudança climática impõe-se-nos de forma cada vez mais evidente”.
Hoje, como sabemos, a acção humana, cada vez mais, está a deixar no planeta a sua pegada mortífera. Um impacto que se pode tornar mesmo incontrolável.
Como sabemos, nada garante que a nossa espécie seja eterna. Se a Vida existe sobre a terra há 3,5 biliões de anos, a espécie humana, apenas existe há 200.000 anos. Por isso, a nossa responsabilidade pela conservação do Planeta é um desafio urgente e inadiável que requer a colaboração responsável de todos. Não só dos jovens mais ou menos radicais que, em manifestações recentes, se têm manifestado, nomeadamente com o ministro do Ambiente.
Os números não mentem. Crescemos de mil milhões de pessoas para oito mil milhões em 220 anos. E, desde 1970, excedemos a capacidade de regeneração do planeta. Nove em cada dez crianças, a nível global, respiram ar que excede os limites de poluição estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E o Planeta já sofreu um aumento de temperatura de 1,2ºC.Se as políticas actuais não se modificarem, estima-se que a temperatura do planeta sofra um aumento de 2,7ºC em 2100.
São alertas que nos devem fazer reflectir e arrepiar caminho.


florentinobeiraohotmail.com

COMENTÁRIOS