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Oleiros: Estreito homenageia padre Neto

Lídia Barata - 12/09/2019 - 8:00

O padre Neto pediu ao bispo para sair de funções, pois aos 85 anos diz que já chega de responsabilidades, justificando que os padres “não são super-homens”.

 

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O padre Neto serviu a zona do pinhal durante 35 anos

Era o pároco mais velho da Diocese de Portalegre-Castelo Branco. Aos 85 anos, depois de 35 passados a servir as paróquias de Estreito, Sarnadas de São Simão e Vilar Barroco, além de ser vigário paroquial de Amieira, Cambas, Isna, Oleiros e Orvalho, o padre Neto diz que chegou a hora de sair e pediu ao bispo diocesano, D. Antonino Dias, que lhe retirasse estas responsabilidades. Isto, porque além de pároco, era também o presidente do Centro Social e Paroquial do Estreito, do qual também foi fundador.

“Gostei muito de estar nestas paróquias, onde há gente boa, acolhedora, que corresponde, mas já há três anos deixei Álvaro, ao fim de 17 anos, mas com 85 anos estou cansado”, refere ao Reconquista, lembrando que “era o pároco mais velho da Diocese. Agora é o padre Escarameia, de Vila Velha de Ródão”.

António Marques Neto de sua graça, nasceu a 29 de dezembro de 1933, em Alcaravela, no concelho do Sardoal. E é ao distrito ribatejano de Abrantes que volta. “Volto à minha casa, à minha terra, onde se for preciso ajudar em algum serviço eclesiástico pontualmente, assim estarei disponível, mas não com estas responsabilidades todas”, reitera.

Foi ordenado sacerdote a 14 de julho de 1957. Em 1968, foi diretor do jornal Notícias de Várzea dos Cavaleiros, no concelho da Sertã, uma publicação mensal, de inspiração cristã. Mas destes seus 62 anos de padre, mais de metade foram passados no concelho de Oleiros, onde criou laços de amizade e estima com a maioria da população. Recatado e discreto no seu serviço, mas direto para com os seus fiéis, a quem não deixou nada por dizer. Por isso, rejeita fazer balanços e é pouco dado a homenagens. “Nestes 35 anos já disse tudo o que tinha a dizer a esta gente, nesta terra onde cheguei com 50 anos”, recorda. “Foi uma missão que levei com gosto, quer como pároco, quer no Centro Social. Fiz o que pude e o melhor que soube. Não agradei a todos, mas isso também é normal”, afirma.

Dia 22, a paróquia de Estreito está a organizar uma festa de homenagem e despedida. “Sei que estão a preparar qualquer coisa, mas se for quero algo simples e singelo, não quero palmas, nem discursos, pois a recompensa é Deus quem a dá”, afirma o padre Neto. Mas em 2018, no dia do Concelho de Oleiros, foi agraciado com a Pinha de Mérito Municipal, pelo seu trabalho eclesial, mas também como fundador e presidente do Centro Social e Paroquial de Estreito.

Neste caminho de 35 anos “nem tudo foram rosas, mas as pessoas foram mudando muito. Assisti ao esvaziamento de pessoas das aldeias, com a emigração, outros foram para Castelo Branco e outras cidades, também por causa dos incêndios”. Acompanhou a evolução de várias famílias e ajudou a transformar limitações e dificuldades em alegria interior, tentando chegar a todos, visitando os doentes, e mantendo sempre esta postura discreta. Agora, reitera, “é tempo de descansar um bocadinho, porque os padres também são homens, normais, não são super-homens”.

COMENTÁRIOS

ANTÓNIO JOAO MENDONÇA
à muito tempo atrás
Figura marcante.FELIZ descanso.



Lucinda Cruz
à muito tempo atrás
O amigo que têm sempre uma palavra de conforto e esperança. Têm sempre tempo para vizitar os doentes e os "velhos", e nunca se esquece dos amigos.