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Pais em tempos de crises. Quando o entender de mais pode dificultar a compreensão

Mário Silva Freire - 20/01/2022 - 9:29

Há crianças que apresentam capacidades muito elevadas, como a intelectual. Esta capacidade intelectual traduz-se quer pela sua precocidade (começarem a falar antes dos 2 anos, a ler e a escrever aos 3-5 anos), quer por possuírem determinado talento (matemático, musical…). 
Segundo um artigo do Diário de Notícias de 29 de Agosto passado “estima-se que 3 a 5% das crianças que frequentam a escola sejam sobredotadas. A maioria está por identificar…. Há crianças com grande inteligência linguística, muito bem-falantes, que escrevem e lêem muito bem. Como há crianças com altas capacidades interpessoais…. Há aquelas que se destacam na inteligência motora, como os atletas e outras com grande capacidade lógico-matemática e péssimas na motricidade. Um sobredotado não é bom a tudo… Não pode haver uma grande dessincronia: ser muito bom em astronomia e depois não ser capaz de desenvolver uma amizade.”
As crianças com capacidades intelectuais acima da média que não sejam diagnosticadas a tempo, podem ter problemas de rendimento escolar e de comportamento. Parecem aspectos contraditórios e, no entanto, eles ocorrem. O grande desafio que se coloca aos pais, relativamente a estas crianças, é alimentar as áreas fortes e estimularem as áreas deficitárias.
Para dar respostas a esta situação, foi criada a “Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas”. O principal objectivo desta Associação é fazer com que as crianças não se desmotivem da escola, comprometer o Ministério da Educação, seja na sensibilização e formação dos professores e ainda no apoio às famílias.  
Quais os sintomas mais evidentes de uma criança sobredotada? Segundo a especialista espanhola Olga Carmona, uma criança sobredotada, sob o ponto de vista emocional, vive as emoções com mais intensidade, tendo uma fraca tolerância à frustração; a uma pequena contrariedade, protestam com acessos de fúria. Também podem apresentar hipersensibilidade psicomotora, ou seja, possuírem um excesso de energia, difícil de gastar e uma necessidade grande para agir, seja em termos físicos ou cognitivos, decorrendo daqui problemas disciplinares. Muitas destas crianças são diagnosticadas como sofrendo de “Défice de Atenção e Hiperactividade” porque o tédio fá-las colocar toda a energia no movimento. 
Não são fáceis de educar estas crianças, especialmente em sistemas familiares e escolares pouco flexíveis. Tendem a ser muito distraídas quando o assunto não lhes interessa porque possuem um cérebro que percebe tudo. Isto conduz a que tenham uma grande carga mental, sensorial e emocional, proporcionando alguma desorganização pessoal. Por isso, nem todas as áreas do seu desenvolvimento evoluem de forma paralela.  Para os pais, professores e sistema de ensino, em geral, estas crianças constituem um desafio a que é preciso fazer face. 
freiremr98@gmail.com

COMENTÁRIOS

Susana Pereira
à muito tempo atrás
Grata por abrirem espaço ao tema da sobredotação. É urgente, em termos de justiça pediátrica, esclarecer a comunidade educativa sobre as características destas crianças e jovens. Sem essa identificação a ajuda a que têm direito, e que tanto defendemos em politicas de inclusão, não chega a estas crianças e jovens. "Nada é mais injusto, em termos educativos, que tratar os diferentes de forma igual ou cuidar apenas de alguns diferentes", conforme disse, e bem, Boaventura Sousa Santos, coordenador científico do observatório permanente da justiça portuguesa.