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Pais em tempos de crises: A família especial

Mário Freire - 04/01/2018 - 9:23

A chegada de uma nova criança a um lar é vista, pela grande maioria dos pais, com grande alegria. Antes mesmo de ela nascer já eles a idealizaram saudável, bonita, perfeita, o pai vendo-a correr atrás da bola e a mãe aconchegando-a no seu peito. Mas eis que de um momento para o outro, ou gradualmente, os pais vão tomando consciência de que o seu filho é ou irá ser diferente dos da maioria das crianças. Um parto mais prolongado, um traumatismo craniano, infecções oportunistas, carências nutricionais e afectivas, tumores, etc… podem originar uma deficiência.
Muitos autores se têm debruçado sobre esta temática. Reportar-me-ei, fundamentalmente, aos artigos das investigadoras brasileiras Graziela Alves e Celina Bartalotti. Elas falam do desespero desses pais, ficando sem saber o que pensar e como agir, sentindo-se culpados por terem uma criança especial. Tudo aquilo que tinha sido construído por eles para a criança terá que ser, agora, desconstruído e criar uma nova situação que se adapte à realidade. 
Bartalotti considera três fases pelas quais os pais, em regra, vão passando. A da negação em que eles tentam não acreditar no diagnóstico, negando-o quer a si próprios, quer aos que os cercam. Procuram outros diagnósticos, tentando afastar uma realidade que se lhes apresenta como assustadora. Entretanto, os pais vão começando a perceber que a criança apresenta necessidades específicas, assimilando a ideia de perda de “criança saudável”. Tentam adaptar-se à nova situação, quer procurando maiores informações sobre o diagnóstico, quer entrando em contacto com outras famílias que partilhem o mesmo problema, quer, ainda, indagar de organizações específicas (como a “Associação Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa Deficiente” – AFID). Chega-se, então, a uma fase de aceitação dos pais em que há uma visão mais realista da criança e da sua deficiência. Eles buscam apoios e esclarecimentos, manifestando satisfação com as conquistas do filho.
Aspecto importante, diz Graziela Alves, é os pais tratarem o filho especial da maneira mais normal possível, deixando-o que cresça, que amadureça, que crie responsabilidades e que tenha a noção dos direitos e deveres, do que é permito ou proibido.
Por outro lado, se o preconceito e a discriminação fizeram parte da vida das pessoas com deficiências, torna-se cada vez mais importante que a escola, a comunidade, a empresa, o Estado, cada um de nós, individualmente, contribuam para o desenvolvimento destas pessoas, integrando-as, na medida das suas possibilidades, nas várias actividades onde elas possam dar um contributo válido à sociedade. 
freiremr98@gmail.com

 

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