Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Pais em tempos de crises: Alcoolismo: transmissão genética?

Mário Silva Freire - 09/06/2022 - 9:51

Jean-Loup Delmas, jornalista que se dedica a assuntos de natureza psicossocial, escreveu um artigo sobre pais alcoólicos e as respectivas consequências que tal situação provoca nos filhos.
Segundo entrevistas que fez a vários técnicos que têm experiência nesta temática, ele refere que um filho de um pai alcoólico na infância modifica profundamente o seu relacionamento com a bebida. É comum encontrarem-se pessoas com duas tendências opostas: muitos são totalmente abstinentes e outros, pelo contrário, consomem mais do que o devido.
A resolução da abstinência, contudo, esbarra frequentemente com a pressão social. Quando se é jovem, esta é extremamente forte. Ele cita o caso de uma estudante de medicina que até ao final do secundário se recusou a beber, por medo de seguir o caminho de seu pai, dependente do álcool. No entanto, as festas em que se implicava incluíam bares e nestes, como se sabe, são as bebidas alcoólicas que predominam. Tudo ali é motivo para se beber e… beber demais!
Hoje, ela refere que não bebe mais álcool do que qualquer outro jovem da sua idade, mas impôs-se a algumas regras; assim, nunca bebe sozinha e nunca bebe dois dias seguidos. O jornalista transcreve, depois, o que a jovem lhe disse: “mesmo que eu esconda de mim mesma, por mais que deseje ser normal, eu percebo que tenho essa fraqueza. O meu pai passou para mim, como que uma doença incurável, da qual temo que ela venha a acordar um dia. “
Surge, então, a pergunta: Pode herdar-se a tendência alcoólica?
Dizem os especialistas que não há um único gene responsável por tal transmissão. No entanto, parece haver uma tendência emocional e sensorial para beber álcool e se ela se associar a uma imitação dos comportamentos dos pais, essa transmissão pode ser uma realidade.
Fica um depoimento de Fatma Bouvet, psiquiatra francesa e especializada em adição de drogas: “É importante saber se o paciente tem um campo de vulnerabilidade. Hoje, adultos alcoólicos, vêm até mim e falam-me sobre os seus pais que foram alcoólicos. Eu pergunto sistematicamente sobre os seus filhos. Estes constituem um grupo de risco; por isso deve actuar-se com eles como o cancro da mama, em que as filhas de adultas com tal doença deverão ser examinadas com mais atenção sobre este assunto. Porque nunca devemos perder de vista que a dependência do álcool mata! “

COMENTÁRIOS