Pais em tempos de crises: Deixar a criança interagir com o smartphone

Mário Freire - 03/08/2017 - 17:09

Teve lugar no passado mês de Maio, em S. Francisco, Estados Unidos, um Encontro de Sociedades Académicas de Pediatria. Ali foi apresentado um estudo sobre o impacto dos smartphones, tablets, jogos e outros dispositivos portáteis electrónicos em crianças, antes de começarem a falar. 
A maior parte dos investigadores nestas áreas suspeita que estes dispositivos com écran, interactivos ou não, atrasariam não só a linguagem da criança mas, também, a sua atenção, a sua socialização, a qualidade do seu sono, etc.
Ora, o estudo referido no início desta crónica teve lugar em 894 crianças entre os 6 meses e 2 anos de idade, em Toronto, Canadá, entre 2011 e 2015. 20% das crianças fizeram um uso diário médio destes dispositivos de 28 minutos, de acordo com os pais. Com base numa escala que aferia o atraso da linguagem, os investigadores verificaram que, quanto maior era o tempo utilizado, diariamente, pela criança a brincar com este tipo de dispositivos portáteis, maior probabilidade havia de ela adquirir atrasos na linguagem verbal. E o risco de atraso subia para 49% se fosse acrescentada meia hora, por dia, à interacção da criança com tais dispositivos.
Estas investigações, sobre o risco de atraso na linguagem, decorrente da utilização pela criança deste tipo de instrumentos electrónicos, estão agora no início e necessitam de ser alargadas para melhor se fundamentarem as conclusões. 
É certo que hoje vivemos num mundo em que o virtual nos inunda por todos os lados e a toda a hora, e os instrumentos que temos à disposição para nele entrarmos não escasseiam. Pode, pois, surgir a tentação dos pais para, desde quase à nascença, ensinarem os filhos a penetrar nesse universo. No entanto, o que se sabe sobre as investigações já realizadas sobre a interacção do bebé com estas tecnologias, aconselha os pais das crianças de tenra idade a serem muito prudentes na exposição dos seus filhos a tais dispositivos electrónicos.
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