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Pais em tempos de crises: O tom das palavras

Mário Freire - 14/10/2021 - 10:06

A voz é um dos principais meios para comunicarmos com os outros. É pela voz, feita palavras, que exprimimos os nossos pensamentos e sentimentos. Uma palavra ou frase dita de uma certa maneira, com um certo tom, pode provocar no interlocutor determinada reacção; essa mesma palavra ou frase proferida de um outro modo, com um outro tom, pode originar uma reacção diferente no mesmo interlocutor. 
O tom traduz-se num conjunto de sons, proferidos com mais ou menos altura, entrecortados de silêncios mais ou menos prolongados, que se desenvolvem numa certa sequência, ao pronunciarmos uma palavra ou frase.
Interessante foram as conclusões a que a neurologista e investigadora da University College London, Sophie Scott, chegou. Ela publicou um estudo, indicando que as palavras e o tom com que elas são proferidas são enviados para partes distintas do cérebro. Enquanto as palavras são desviadas para o lobo temporal, o tom é encaminhado para ao lado direito do cérebro, uma região estimulada pela música. Significa isto que, mesmo sob o ponto de vista fisiológico, as palavras e o modo como elas são proferidas, são elementos distintos.
O tom é a “melodia” que dá relevo às emoções de quem fala. Pelo tom da voz intuímos quando alguém está encolerizado, se pretende fazer alguma imposição ou, pelo contrário, se está sugerindo, de modo amigável, algo para ser realizado. E é destas diferentes maneiras de emitir uma mensagem que esta pode surtir reacções diferentes, sejam elas de rejeição ou de aceitação.
Vários têm sido os estudos empreendidos, no âmbito da comunicação empresarial, sobre o factor “tom de voz”, seja no atendimento dos clientes, seja na condução de reuniões, seja numa apresentação de uma empresa ou produto… 
No entanto, este mesmo factor – o tom de voz – pouco é referido na comunicação dentro da família e de quanto ele pode influenciar quer as relações de natureza horizontal, entre os cônjuges, quer as de natureza vertical, entre pais e filhos.
Um tom amigável torna as conversas mais produtivas e a mensagem muito mais fácil de ser compreendida e aceite.
Estes aspectos, que parecem detalhes, podem ser, afinal, essenciais para o funcionamento regular de uma família. Citando a escritora brasileira Edna Frigato, “se é nos detalhes que as pessoas nos ganham, é também nos detalhes que elas nos perdem.”
freiremr98@gmail.com

 

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