Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Pais em tempos de crises: O vínculo emocional no desenvolvimento do recém-nascido

Mario Freire - 28/10/2021 - 9:42

Rita Antunes é uma psicóloga e professora universitária que tem dedicado parte da sua acção profissional ao aconselhamento parental. 
Ela deu uma entrevista ao jornal Observador sobre a importância da relação que o bebé estabelece com uma figura de referência. Quando esta relação é consistente, não transitória, que se mantém ao longo da vida, trata-se de uma vinculação segura, isto é, de uma relação básica, primária, que irá estabelecer o modelo de confiança que a criança terá mais tarde na forma como lida, vê e interage com o mundo exterior.
A figura primária de referência é, de uma forma geral, a mãe. Afinal, foi dentro dela que se gerou o novo ser e com ele, desde o início da gestação, a mãe estabeleceu laços de grande intimidade. No entanto, o pai pode e deve ser, igualmente, uma outra figura de referência. No dizer da psicóloga Rita Antunes, estas duas figuras de vinculação serão o canal condutor, de ajuda e de suporte, para a criança explorar o mundo com confiança. Qual o impacto numa criança que não usufrui de uma vinculação segura?
Nem sempre tudo ocorre como se deseja e pode haver figuras de vinculação (mãe e/ou pai) que não estão disponíveis. Teriam que encontrar-se, então, outras figuras de referência (avós, tios, pais adoptivos…). 
As figuras de referência permitem ao bebé, ao vincular-se com determinada pessoa, criar um modelo interno que lhe proporciona uma relação positiva e saudável com outros, com repercussões no desenvolvimento posterior no futuro. Situações que são associadas a essa falta de vinculação são as perturbações de ansiedade, as perturbações do comportamento e maiores dificuldades de adaptação a novas situações…
A criança, ao nascer, já trás, em potência, um conjunto de capacidades; elas, contudo, precisam de ser estimuladas, seja a visão, a audição, o tacto…. Serão elas que irão ditar a sociabilidade da pessoa e, por isso, deveriam ser estimuladas. “Muitas vezes, a nossa preocupação em fazer tudo correctamente do ponto de vista dos procedimentos formais, de higiene, de cuidados, etc., é tão grande que nos esquecemos destas questões chave: do olhar, do sentir, do tocar, do despertar outro tipo de reacção, do estar mais disponível para interagir”, diz a psicóloga Rita Antunes. E continua: “É fundamental irmos alertando os pais para a importância da disponibilidade, de não estar só por estar, de não estar a fazer coisas ao bebé, mas sim a fazer coisas com o bebé.” Por isso, brincar é o melhor meio de comunicar com a infância e ajuda a estabelecer uma vinculação segura. Uma criança que foi criada sem afecto irá dar, provavelmente, um adulto que não saberá mostrar afecto. 
freiremr98@gmail.com

COMENTÁRIOS