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Pais em tempos de crises. Um novo desafio para os pais: a educação para os ecrãs

Mário Silva Freire - 23/06/2022 - 9:31

A “Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental” publicou em 2020 um estudo sobre a “Exposição a Tempo de Ecrã e Psicopatologia na Infância”. Nele se diz que nas duas últimas décadas houve um enorme aumento na utilização por crianças e adolescentes dos dispositivos de ecrã, sendo os seus utilizadores já apelidados de “nativos digitais”.
Os autores do estudo referem números, baseados em trabalhos que se encontram identificados, e realizados em diversos países. Assim, no Canadá, Estados Unidos da América e Austrália, crianças entre os 2 e os 7 anos passariam até 7 horas por dia em “tempo de ecrã”. Na Eslováquia e República Checa verificar-se-ia que 57,2% e 42,6%, respectivamente, passariam mais de 6 horas nesse tipo de actividades. Em Portugal, a tendência seria semelhante em que 54,3% das crianças entre os 11 meses e os 6,5 anos tinham um “tempo de ecrã” diário superior a 2 horas. Relativamente a crianças mais velhas, até aos 10 anos de idade, a maioria delas utilizava o ecrã cerca de 2 a 5 horas por dia e, entre os 9 e 17 anos, a média de utilização seria de mais de 3 horas por dia. Apesar deste tipo de interacção trazer benefícios para os seus utilizadores, nos domínios da educação e interacção social, várias são as preocupações que aos educadores se colocam. Assim, sob o ponto de vista médico, a obesidade, redução do tempo de sono, aumento do sedentarismo, ingestão alimentar e exposição a publicidade alimentar inadequadas são alguns dos efeitos nefastos apontados. 
Nicolas Poirel, professor de psicologia que se tem dedicado a este tema, refere a importância que certos jogos, nas crianças, demonstraram benefícios na aprendizagem, seja na decifração dos sons, seja em exercícios do raciocínio matemático. Além disso, as actividades nos ecrãs, sendo muitas delas de natureza lúdica, os adolescentes introvertidos, com dificuldades de sociabilidade, poderiam encontrar ali uma rede de companheiros que, trocando mensagens, os ajudaria a superar algumas das suas dificuldades.
Contudo, uma equipa de investigadores de um hospital infantil em Toronto, num estudo, também de 2020, reafirma os efeitos nocivos do uso das redes sociais entre os jovens. De acordo com a investigação, as doenças mentais, os comportamentos auto-lesivos e as tentativas de suicídio aumentaram nos últimos anos entre a população adolescente. Existe uma relação entre estes fenómenos e o uso excessivo das redes sociais e “os efeitos parecem ser maiores entre as raparigas”.
O conhecimento dos pais das consequências resultantes da utilização destes objectos ajudá-los-á, certamente, a melhor avaliarem das decisões a tomar em relação ao seu uso por parte dos filhos.

freiremr98@gmail.com

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