Portagens: Preços descem 25 por cento para utilizadores diários

José Furtado - 26/02/2020 - 12:35

Governo confirma descontos de quantidade mas método é ainda pouco claro. Plataforma contra as portagens aguarda por mais pormenores.

Mudanças só devem chegar no terceiro trimestre deste ano. Foto arquivo Reconquista

Um utilizador diário da Autoestrada da Beira Interior pode poupar em média até 25 por cento dos custos com as portagens já a partir do próximo verão.

Os descontos nas antigas Scut, entre as quais a A23, vão ser aprovados no Conselho de Ministros desta quinta-feira em Bragança.

“É um desconto de quantidades, que privilegia os utilizadores frequentes, quer sejam residentes quer trabalhem nestes territórios ou que os visitem regularmente”, disse à Renascença a ministra da Coesão Territorial.

Ana Abrunhosa esclareceu que nos primeiros sete dias os utilizadores vão pagar as portagens “para, depois, entre o oitavo e o décimo quinto dia, todas as portagens beneficiarem de 20 por cento de desconto”.

A partir do dia 16 e até ao final desse mês “todas as portagens beneficiam de 40 por cento de desconto”.

O documento do Ministério da Coesão Territorial, ao qual o Reconquista teve acesso, dá o exemplo da A23. Um utilizador de um veículo de classe 2, como uma carrinha de distribuição de pão, paga 6,71 euros para circular entre Castelo Branco e a Covilhã, o que é um encargo de 402 euros ao final do mês. Com estes descontos deverá poupar 102 euros por mês, o que dá uma poupança anual de 1224 euros.

Exemplo de desconto na A23. Fonte MCT

O modelo de descontos será também aplicado ao transporte de mercadorias e de passageiros, por exemplo nos autocarros. No caso das mercadorias o desconto passa de 30 para 35 por cento no período diurno e de 50 para 55 por cento no noturno, sendo que os descontos noturnos serão alargados ao transportes de passageiros.

Questionada pela Renascença sobre se esta medida vai de encontro às reivindicações, Ana Abrunhosa responde que sim.

“Mas, para que esta medida seja sustentável, nós temos que ir reduzindo gradualmente. A nossa proposta é, no futuro, à medida que o nosso Orçamento do Estado consiga acolher, que consigamos trabalhar nesta redução para garantirmos que, de facto, as pessoas têm melhor qualidade de vida neste territórios e estamos naturalmente a privilegiar os territórios do interior”.

PLATAFORMA José Gameiro, o presidente da Associação Empresarial da Beira Baixa, está otimista mas espera para ver. Aquele que é um dos rostos da Plataforma pela Reposição das Scuts na A23 e A25 diz que para já “a situação não está bem clara”, referindo-se aos descontos consoante o número de dias. “Eu não sei se isto é dias de calendário ou se são passagens diárias”, questiona o dirigente empresarial, que no entanto valoriza o esforço de Ana Abrunhosa em encontrar uma solução que vá de encontro às reivindicações.

“Tudo o que for aliviar as pessoas, as empresas e a região será sempre bem vindo. Se for com estes volumes de desconto parece-me bem. Mas falta saber quem é que tem direito a e quando”, disse ao Reconquista.

O presidente da AEBB só se mostra para já descontente com a possibilidade de estes descontos entrarem em vigor apenas no terceiro trimestre deste ano, apanhando a negociação para o Orçamento do Estado de 2021.