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Quando brincar é a solução maior

Bruno Trindade - 12/05/2022 - 9:40

Quando os dados reportam um aumento nos episódios de violência em crianças, para com os pais e para com os seus colegas, indagamos os motivos que levam a tais factos. Podemos justificar de modo simplista, imputando aos pais falta de regras, falta de parametrização comportamental, isto é, dificuldade em definir regras e limites.
É certo que “balizar” ajuda na educação, na regulação emocional e social, permitindo entender quão difícil é. E isso exige tempo, paciência e consistência no padrão educativo.
Mas será que, mesmo com todas as regras, temos hoje crianças mais felizes? 
O facto de, hoje em dia, as crianças preferirem estar fechadas entre quatro paredes, ligadas ao mundo apenas através da tecnologia, socializando unicamente pelo telemóvel, tem originado adolescentes que suportam menos a frustração, são mais impulsivos, menos tolerantes, e, também, a sua capacidade de brincar, socializar e interagir parecer estar afetada.
Como é nas escolas que as nossas crianças e jovens passam mais tempo, o seu currículo deveria contemplar uma área que os orientasse para o autodomínio. Os fenómenos de conflito surgem inesperadamente. Precisam ser controlados. O nosso dever é identificar, prevenir e resolver as problemáticas comportamentais que afetam as crianças e que têm uma influência direta no seu crescimento. É preciso implementar processos de monitorização ativos, com recursos especializados, para possibilitar uma melhor regulação comportamental, social e emocional. 
Onde está o elemento “socializar” no processo educativo dos Jardins de Infância e das Escolas do Primeiro Ciclo? 
Numa sociedade em acelerada transformação, até as brincadeiras das crianças têm de ser orientadas, para que não se perca o “brincar”, o “conviver” e o “socializar”. É indispensável implementar metodologias de intervenção para aplicação de jogos cooperativos e “deixar brincar” conscientemente. Brincar é fundamental para o desenvolvimento das crianças. Neste processo de intervenção, sobre as competências fundamentais para o seu desenvolvimento, podemos incutir-lhes regras e valores. Através de estratégias lúdicas, as crianças aprendem brincando. 
É fundamental promover momentos de bem-estar e felicidade, de conexão humana, proporcionar atividades para desenvolver a autonomia e gerir as emoções de forma saudável e se for possível fazê-lo em espaços exteriores melhor ainda. Estes espaços são importantes como ambientes estimulantes e criativos e temos que “olhar” para eles como um novo paradigma. Assim, os parques nos jardins e os parques escolares ganham novas dinâmicas onde existe diversidade, flexibilidade, versatilidade de soluções, criando uma complementaridade na utilização.
Nunca como hoje, após os inevitáveis confinamentos, foi tão importante estimular o “brincar” ao ar livre, permitindo minimizar as problemáticas da saúde mental e a criar “soluções” para os fenómenos de violências na infância.

btrindade30@hotmail.com

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