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Refletir a pandemia hoje, para prevenir o amanhã

Bruno Trindade - 08/05/2020 - 11:36

A pandemia Covid-19 tem provocado uma série de preocupações e sacrifícios que nos fazem repensar o significado do que é importante para o ser humano. A educação foi uma das áreas em que a mudança repentina veio colocar alguma “instabilidade”, mas a comunidade educativa – direções, professores, técnicos, alunos, etc – respondeu com uma adaptação excecional.

As notícias divulgadas pré Covid-19 mostravam que a Escola vinha a perder a sua relevância na sociedade, principalmente porque alguns grupos sociais colocavam em causa o seu papel e a sua metodologia.

A necessidade de isolamento veio valorizar a sua importância e o seu papel. A Escola voltou a ser algo essencial na nossa sociedade, contributo fundamental para um continuo processo educativo e de valorização do ser humano, independentemente dos processos de transição e das adaptações necessários. A Escola é o melhor meio educativo, devido à diversidade de contextos que possibilita e às estratégias adaptadas a aprendizagens individualizadas, que visão promover, mais do que o sucesso educativo, o desenvolvimento das crianças como seres humanos.

A Escola Pública tem um papel importantíssimo no processo de formação do ser humano e, consequentemente, na construção da sociedade. Ela ajuda a minimizar as desigualdades sociais, apoio ao nível do material, etc.. sendo o melhor exemplo as refeições fornecidas aos alunos das famílias carenciadas. Nesse contexto, a Escola constitui um “refúgio” para muitas famílias.

A nova realidade que vivemos veio mostrar que, afinal, a Escola é, e sempre será, uma instituição basilar em qualquer sociedade.

Após a eficaz decisão de fechar as Escolas, foi decidido, para minimizar os prejuízos, promover a consolidação dos conteúdos educativos, continuando com as aprendizagens à distância, em contexto de trabalho autónomo.

Não sendo a medida desejada, mas a possível, o Ministério da Educação procurou emanar princípios orientadores e recomendações de seguir, proporcionando diretrizes de apoio escolar para acompanhamento aos alunos.

Também as Escolas se multiplicaram em orientações, estratégias, questões logísticas e articulação entre professores e pais, desempenhando um papel extraordinário na minimização dos problemas. Salienta-se, no entanto, que os professores estão a disponibilizar os seus recursos tecnológicos pessoais, tendo muitos deles que os adquirir a título particular e sem qualquer tipo de ajudas.

É em tempos de crise que mais sobressaem as desigualdades sociais, com famílias a travarem verdadeiras lutas para sobreviverem ao dia-a-dia, com a preocupação acrescida de proporcionarem aos seus filhos meios para poderem acompanhar a Escola.

Sem contestar a responsabilidade do governo, as operadoras de redes móveis podiam fornecer pacotes de acesso à internet mais baratos e acessíveis às famílias que o necessitassem, bem como empresas portuguesas, ligadas à produção de componentes tecnológicos, podiam disponibilizar dispositivos eletrónicos a preços mais baixos. Trabalhando em parceria, governo, operadoras e empresas, todos beneficiariam, social e economicamente.

Esta crise do Covid-19 veio alertar para a desigualdade que existe na sociedade a nível da distribuição de meios tecnológicos e fez-nos perceber que uma sociedade mais tecnológica é uma sociedade mais igualitária a nível de conhecimentos, cultura e oportunidades.

Neste momento, já todos temos consciência que a educação escolar é um bem que as nossas crianças não podem ser impedidas de alcançar, para não prejudicar o seu crescimento como indivíduos, e já todos nos capacitamos que, em tempos de incerteza como os que vivemos, os meios tecnológicos têm um papel preponderante.

Se podemos começar, desde já, a precaver situações análogas no futuro, para a crise que estamos a atravessar não houve tempo para qualquer prevenção. Assim, cabe a todos a responsabilidade de minorar as desigualdades. As carências de uns têm que ser colmatadas com a solidariedade de outros. Quer pela nossa história, quer pelo nosso carácter, os Portugueses vão ser capazes de corresponder às expectativas de todos.

Todos juntos vamos conseguir!

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