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Renascença Portuguesa : uma conferência I parte

Paulo Samuel - 21/03/2024 - 9:36

No passado dia 22 de Fevereiro, servindo de contexto à apresentação do meu livro Renascença Portuguesa e Geração Nós – Estudo e Documentos (Amarante, 2023), explicitei perante a numerosa audiência o que foi o movimento “Renascença Portuguesa” e a revista A Águia nas suas linhas gerais e representativas.

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No passado dia 22 de Fevereiro, servindo de contexto à apresentação do meu livro Renascença Portuguesa e Geração Nós – Estudo e Documentos (Amarante, 2023), explicitei perante a numerosa audiência o que foi o movimento “Renascença Portuguesa” e a revista A Águia nas suas linhas gerais e representativas. Alguns dos presentes e outros interessados que, por força maior, estiveram ausentes, solicitam-me que dê versão escrita e resumida do que foi dito. Antes de mais, importa dizer que não assumi aquela fala como “lição” – como alguém no auditório da BMAS, num sentido valorativo, a designou, tanto mais que deixei para trás experiência docente –, antes a denominei conferência, pelas razões que expus, no sentido etimológico da palavra, a saber, uma exposição oral sustentada na conferência com dados objectivos, concretos, e argumentos sólidos, extraídos de base documental, ampla e fecunda (parte dela ilustrada em imagens). Nada de novo, afinal, pois ao longo de mais de 20 anos me tenho dedicado a esta área, atinente aos Estudos Culturais e Literários, objecto de estudo e análise que venho apresentando em Colóquios e Congressos, nas páginas de revistas de especialidade, em sessões académicas como a que se realizou alguns anos atrás, na Universidade Nova de Lisboa, num debate superiormente elevado, em que tive o Professor e Historiador António Reis por oponente, dando ele a primazia e relevante papel (que, de facto, teve) à revista e movimento “Seara Nova” (1921), fundada, há que dizer, por alguns dos homens que estiveram na origem do movimento renascentista portuense: Raul Proença e Jaime Cortesão. 
Ora, não foi o Modernismo português (corrente literária e artística que desde o seu alvor integra o meu leque de interesses, permitindo-me organizar no Porto, em 2015, uma extensão do “Congresso 100 Orpheu”, por via de um Colóquio inter-universitário e Exposição bíblio-documental relativa a Orpheu, Pessoa e demais colaboradores daquela revista, na passagem do centenário), não foi, dizia, nem o Modernismo português, nem o movimento literário presencista, tão-pouco a Seara Nova que lograram alcançar a dimensão cultural que teve a “Renascença Portuguesa”, entre 1912 e 1931. A começar pelo seu ideário, que deixou lastro e foi assumido nos anos 50 pelo movimento da Filosofia Portuguesa e se veio a recuperar e a reformular, nos anos 80, por via do movimento e revista portuenses Nova Renascença (1980-1999), com epígonos posteriores na revista Leonardo e, com maior envergadura, na ainda vigente Nova Águia. Por que razão denominar a “Renascença Portuguesa” como «o maior e mais importante movimento cultural do século XX»? Pelos factos que permitem dar-lhe tal substância, por adjectivo e advérbio. Referi, na circunstância, que, fundada em 1912, a “Renascença Portuguesa” resulta da convergência de vontades de um escol jovem, universitário e de ideais republicanos, em instaurar no país um novo rumo para a sociedade, em diversos segmentos: social, laboral, educativo e cultural. Imbuídos das ideias que haviam alicerçado a Revolta portuense de 1891, que visou implantar uma República diferente da que foi instaurada em 1910. Reuniões preliminares, que decorrem em 1911, juntam Raul Proença, Jaime Cortesão, Teixeira de Pascoaes e Álvaro Pinto para se formar esse movimento, que adopta a revista A Águia para órgão de expressão junto do público. Pretendem o director literário (Pascoaes) e os mais directos colaboradores – um elenco notável para a época – que este seja o meio de difusão de novas ideias, a afirmação de um pensamento distinto do positivismo que se infiltrara nos meios académicos e na elite política e cultural. A Águia, que surge numa segunda série, torna-se revista mensal de Literatura, Arte, Ciência, Filosofia e Crítica Social, publicação multidisciplinar aonde convergem personalidades literárias e de outros quadrantes, que deixam marca na História. Entre outras: Jaime Cortesão, Raul Proença, Leonardo Coimbra, Raul Brandão, António Sérgio, Augusto Casimiro, Mário Beirão, Fernando Pessoa, que ali se estreia como ensaísta, mercê dos artigos que escreve sobre “A Nova Poesia Portuguesa”. Mantém-se como editor e proprietário da publicação Álvaro Pinto. (I parte).

Paulo Samuel

COMENTÁRIOS

Joaquim Pinto da Silva
Mês passado
Parabéns Paulo Samuel,
Concordo consigo sobre a primazia cultural da Renascença Portuguesa no século XX. Mais, o que preconizavam e a sua maneira fazem falta hoje.
Não quer dar um "passeio" à Foz para nos falar do tema?
E apresenta-se esse seu livro?
Abraço.
Joaquim Pinto da Silva ( joaquimpintodasilva@gmail.com)