Diabo
JC - 22/06/2017 - 9:48
-”Aquilo foi o Diabo”, disse Jeremias, presidente da Brigada do Reumático, enquanto via na televisão o incêndio que mais parecia um filme de terror e que ceifou várias vidas humanas. -”Nem queria acreditar. No Burgo a trovoada parecia o demónio e a tenda gigante da Feira de Perdição abanou que se fartou, mas quando à noite cheguei a casa e vi toda aquela destruição, já nem consegui dormir”, acrescentou Jeremias.
-”Eu só me lembrava de 2003 e de como o fogo queimou quase tudo o que havia para queimar junto à Villa do Pinhal”, retorquiu Godofredo, secretário geral da BR, visivelmente irritado com o oportunismo de determinados agentes em “tentarem tirar dividendos políticos da situação. O que continuamos a assistir é uma vergonha. E uma parte da comunicação social também contribui para isso, pois tenta apontar o dedo acusatório seja lá a quem for, desde que seja a quem está, a mandar ou a comandar. Como se houvesse uma varinha mágica que acabasse com todo este sofrimento”.
-”Pior que isso é quando vêm com entrevistas a pessoas que acusam os bombeiros de nada fazerem, com declarações do tipo passaram aqui mas não pararam, foram-se embora”, acrescentou Evaristo, do Conselho Fiscal da Brigada, que tal como Jeremias foi frequentador da Feira de Perdição.
-”Como se não bastasse, tivemos ainda que ouvir teóricos académicos a dizer que deveriam existir cancelas nas estradas e que nos dias de risco de incêndio estas deveriam estar fechadas, como acontece nalguns países, mas com a queda de neve”, disse Jeremias.
-”Como se o fogo e a neve fossem a mesma coisa. Mais do que criticar importa dar o apoio a todos quantos combatem este e outros incêndios. Porque no dia em que os nossos bombeiros ficarem fartos de injustiças, vai ser pior que o diabo...”, concluiu Godofredo.
JC
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