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Satélite português vai ser testado em Castelo Branco

João Carrega - 15/03/2018 - 10:30

O primeiro satélite português será testado em Castelo Branco, no laboratório do ISQ. Em 2020 deverá ir para o espaço.

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Imagem DR

O laboratório do ISQ em Castelo Branco vai testar o primeiro satélite português que está a ser desenvolvido através de um consórcio de diferentes entidades, num investimento de nove milhões de euros para três anos. O anúncio foi feito ao Reconquista pelo administrador executivo daquele grupo, Correia da Cruz, e o satélite será desenvolvido no âmbito do Projeto Infante, aprovado pela Agência Nacional de Inovação (ANI) para ser cofinanciado pelos fundos estruturais da União Europeia.

"O ISQ participa neste projeto através da montagem, integração e ensaio desse satélite. E esses ensaios serão feitos em Castelo Branco. O projeto arrancou agora e tem a duração de quatro anos, pelo que dentro de dois deveremos fazer os ensaios", explica Correia da Cruz.

O satélite deverá ser lançado até ao final de 2020. Pedro Matias, presidente do ISQ, em nota enviada à comunicação social, assegurou que "este é o primeiro satélite português totalmente desenvolvido e construído no país. Esta é uma área que conheço bem pois já há alguns anos tinha acompanhado o processo do PoSAT (1993), do professor Carvalho Rodrigues do então INETI que, embora construído por empresas e laboratórios portugueses, era essencialmente um projeto de transferência de tecnologia”. Agora, disse, "a grande novidade foi conseguir preparar um consórcio que envolve praticamente todas as empresas e institutos de investigação que trabalham nesta área em Portugal".

Segundo o ISQ, o satélite português será o primeiro de uma futura constelação de 12 satélites idênticos que serão construídos e lançados nos anos seguintes. Fazem parte deste consórcio nove empresas da área do espaço – Tekever, Active Space Technologies, Omnidea, Active Aerogels, GMV, HPS, Spin Works, entre outras – e dez centros de I&D (investigação e desenvolvimento) de várias universidades e laboratórios de investigação de todo o país que trabalham em espaço, como por exemplo o ISQ que é uma referencia na área da aeronáutica e espaço.

REFORÇAR O laboratório de Castelo Branco é hoje reconhecido internacionalmente e tem vindo a realizar ensaios de ponta para as industrias aeroespacial e aeronáutica. Correia da Cruz, dá o exemplo do "desenvolvimento dos componentes do escudo térmico para o vaivém espacial europeu (...) Temos sempre a porta aberta e temos tido solicitações da Agência Espacial Europeia no sentido de estarmos envolvidos noutros programas de ensaios".

Na aeronáutica, os testes para a Embraer, terceiro maior fabricante mundial de aviões, para um novo modelo de asa, também são referência. "O desenvolvimento deste laboratório como um centro de desenvolvimento de produtos é o nosso grande objetivo, colocando a nossa grande capacidade e disponibilidade ao dispor da industria", explicou Correia da Cruz, enquanto dava mais um exemplo dos ensaios realizados para a industria automóvel (componentes).

Correia da Cruz diz que o objetivo é "aumentar a nossa colaboração com o tecido empresarial. E este novo projeto SIM4.0 através das próximas fases vai estreitar estes laços".

O administrador abordou também a questão da ligação do ISQ com o ensino superior. "Essa ligação é fundamental. O ISQ está numa componente de investigação mais alta, próxima da inovação, das aplicações finais e da sua implementação em casos concretos. Mas precisamos sempre de um conhecimento ao nível de desenvolvimento inicial de projetos e isso tem que ser feito em colaboração com as instituições de ensino superior. Continuamos a receber alunos de mestrado e doutoramento. Tem sido muito importante para nos «alimentar» os recursos humanos, mas também para a utilização da capacidade instalada nas universidades e politécnicos )massa cinzenta) que nos podem ajudar no desenvolvimento dos nossos projetos e programas".

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