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Tinalhas: Maio continua a ser Menino

Lídia Barata - 09/05/2024 - 8:00

O uso é velho, mas são os mais novos que lhe continuam a dar corpo, cantando ao Maio Menino, tendo guloseimas por recompensa.

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Crianças ajudam a manter a tradição

A ameaça de chuva não demoveu os mais novos que, munidos com as suas sacolas, participaram em mais uma edição do Maio Menino, em Tinalhas.

Apesar de não ser dia de escola, por ser feriado, é no recinto escolar que se concentram no dia 1 de maio. Depois de “vestirem” o Maio Menino com giestas, com a ajuda dos elementos da Ergamus – Associação de Dinamização e Salvaguarda Patrimonial de Tinalhas, lá seguem em cortejo, percorrendo as ruas da aldeia.

Neste trajeto, cantam uma música própria do evento, que no refrão repetem “Ó Maio Menino/ Ó Maio Cachopas/ Deita p’ra cá as castanholas/ Por baixo das portas”. Não é por baixo das portas, mas com elas escancaradas que a população também já se prepara para receber o Maio Menino e deitar os rebuçados à rabatina (lançar ao ar) que as crianças apanham com destreza té encher as bolsas.

Noutros tempos, o Maio Menino era o mais pequenino da escola. E era essa criança que se vestia com as giestas, mas com o tempo, a tradição mudou nesse aspeto, trocando a criança por um boneco, para que não seja tão agressivo, pois passaria muitas horas dentro das giestas.

A par do Santoro (dia 1 de novembro), esta tradição do Maio Menino, cuja origem se perde no tempo, mas nunca foi interrompida, além de celebrar a nova estação, a primavera florida, tempo de renovação, servia noutros tempos para matar a fome. Hoje muitos oferecem guloseimas, mas nesses tempos idos, só as casas abastadas ofereciam algo às crianças. Contam os mais velhos que, nesse tempo em que não havia outra fonte de rendimento senão o fruto do trabalho, algumas idosas (já sem idade e força para trabalhar e sem reforma, porque não existiam) tentavam misturar-se com as crianças para tentar apanhar alguma coisa para o regaço, mas as crianças levavam alfinetes para as afugentar. Felizmente, os tempos mudaram também nesse sentido, excluindo essa necessidade, mas a Ergamus, também com a vontade dos pais, que transmitem aos filhos estes usos e costumes, mantém viva a tradição, tornando o primeiro de maio, em mais um dia de festa na aldeia.

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