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As vitórias e as derrotas

Florentino Beirão - 03/02/2022 - 10:18

Quando em véspera do ato eleitoral de domingo, as sondagens apontavam para uma luta renhida entre o PS de António Costa e o PSD de Rui Rio, os eleitores escolheram dar uma maioria absoluta aos socialistas com 41,7 % dos votos. Deste modo, 117 deputados deste partido vão permitir ao futuro Governo de António Costa não necessitar de qualquer aliança à direita ou à esquerda para poder governar durante os próximos quatro anos que vão ser muito difíceis. A inesperada e severa derrota do PSD vai deixar este partido em sérias dificuldades, com o seu líder a deitar a toalha ao chão. A sua prometida política de governar ao centro foi por água- abaixo. Acabou por ser o PS a arrecadar os votos da esquerda, com a atração dos votos do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista que ficarão com menos deputados no Parlamento. Estes ao chumbarem o Orçamento para 2022, apresentado pelo PS, ficaram com o ónus da culpa de derrubarem o Governo de António Costa.
Deste modo os partidos da CDU, do Bloco de Esquerda e do PAN irão ter nas bancadas do Parlamento muito menos deputados do que anteriormente. Pior foi para o CDS que nem um deputado conseguiu eleger. Em agonia anunciada nas sondagens, acabou por ficar completamente ausente do Parlamento, onde esteve desde o 25 de Abril.
Deste modo, o sistema partidário do país sofreu com estas eleições um inesperado terramoto político de consequências difíceis de imaginar para os próximos quatro anos.
A explicação para esta nova e inesperada situação certamente que será complexa, com variáveis que não foram tidas em conta nas sondagens que não acertaram nos resultados finais.
Uma tão profunda mudança eleitoral dará matéria abundante para os comentadores que se afadigaram a comentar as sondagens que iam saindo diariamente, como se de certezas se tratasse. O certo é que perante propostas confusas e incertas do PSD, os eleitores optaram pelo Orçamento de Estado, rejeitado pelos partidos.
Face ao resultado histórico obtidos por António Costa, fica-se com a convicção de que os eleitores premiaram o seu trabalho face às adversidades pandémicas que nos perseguiram ao longo dos últimos dois longos anos. Acautelar o futuro que ainda nos espera face à Pandemia e suas contínuas espécies poderá ser a grande razão para a reeleição de António Costa, um homem que já conhece bem os corredores do poder, do país e da UE, de onde vão jorrar avultadas verbas nos próximos tempos.
O contínuo apelo à moderação política e à estabilidade poderão ter sido as grandes traves-mestras para explicar esta grande vitória do PS que optou por cativar os eleitores do centro, onde habitualmente se ganham as eleições.
Assim se pode explicar a fuga dos votos dos partidos à esquerda do PS que optaram por robustecer este partido, concentrando nele os seus votos.
Quanto à direita, subiram o Partido da Iniciativa Liberal e o Chega arrecadando numerosos votos roubados provavelmente ao PSD que não foi capaz de captar os eleitores à sua direita.
No próximo Parlamento, certamente, será este partido a força mais ruidosa que se fará ouvir com a radicalidade e verborreia do seu líder e dos amigos que o vão acompanhar, bem alinhadinhos com a voz de André Ventura seu chefe. 
A partir de agora com estes resultados, com a “geringonça” desfeita e com a direita em minoria no Parlamento, António Costa pode fazer o que quiser com o seu Orçamento derrotado recentemente, imprimindo-lhe a direção e a força que bem entender e com quem desejar governar, reformando o país nas áreas mais vulneráveis em que ele se encontra.
Acabaram-se as desculpas para as urgentes reformas na Saúde, Justiça, Educação, Ciência e Cultura, apoios robustos às Empresas e cuidar das alterações climáticas.
Esta maioria absoluta não deixa de ser uma vitória pessoal de António Costa que foi mudando de estratégia, sabendo ler as sondagens a cada momento.
O PS passa a partir de agora a ter um mandato até janeiro de 2026, altura em que será eleito o novo Presidente da República. Se Marcelo Rebelo de Sousa, o atual Presidente da República andava preocupado com o resultado destas eleições, pois não sabia se delas sairia uma situação clara de estabilidade, resultou a maioria absoluta do PS que o tranquilizará nos anos do seu segundo mandato.

florentinobeirao@hotmail.com

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