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Leitores: Um Portugal desiludido a precisar de esperança

Luís Filipe Santos - 08/02/2024 - 9:23

Sinto um país desiludido, enganado, ainda em choque. Um Portugal a sofrer o síndrome de Estocolmo.

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Sinto um país desiludido, enganado, ainda em choque. Um Portugal a sofrer o síndrome de Estocolmo. Apaixonados por quem raptou o desenvolvimento de uma sociedade, lhe roubou a esperança e a condenou à vulgaridade. Hoje, os portugueses não querem saber de quem diz a verdade, preferem o engano das palavras doces. Essa foi a preferência maioritária de quem decidiu ir votar nos últimos 30 anos. O encanto retórico de José Sócrates venceu o argumento da verdade de Manuela Ferreira Leite em 2009, dois anos antes da vinda da Troika para colocar as nossas contas em ordem, depois dos aumentos extraordinários realizados nessa campanha eleitoral pela governação do Partido Socialista. Venceram eleições e enterraram os portugueses em dividas e más opções. 
Em 2015, depois de uma saída limpa desse programa de ajuda externo (veja-se o caso da Grécia encantada pela cantiga do Syriza e ainda a sofrer as consequências dos erros cometidos), o PSD de Pedro Passos Coelho ganhou eleições, mas perdeu a maioria dos deputados, e foi incapaz de contrariar a geringonça de esquerda no Parlamento. Oito anos depois, os resultados dessa governação, iniciada pela necessidade de sobrevivência política de um homem, estão à vista. Colocando classes profissionais, umas contra as outras, cada uma a tentar resolver a sua situação em plena época eleitoral, num leilão de propostas e promessas raramente vista na política portuguesa. 
O engraçado de ver é o cronograma da promessa, bem representativo da realidade portuguesa. Até ao dia 7 de novembro de 2023, o NÃO predominava. Os professores pediam, João Costa negava. Os oficiais de justiça pediam, Catarina Sarmento dizia que não. Os policias pediam, José Luis Carneiro empurrava com a barriga. Os agricultores pediam, Maria do Céu Antunes refutava. Os generais queixavam-se, Helena Carreiras assobiava para o lado. E este rol poderia continuar por todos os Ministérios.
Depois do dia 7 de novembro, descobrirmos o petróleo no Largo do Rato e começou o fartar vilanagem. O sim passou a ser a regra, sem exceção. As portagens não diminuíram durante 8 longos anos, mas agora é que é, passamos à abolição e, aposto, ainda oferecemos um queijo da Serra, por exemplo. 
A questão é a falta de memória, pois, no momento da apresentação da proposta do PSD de redução em 50% no valor das mesmas para ser incluída no Orçamento de 2021, teve os votos contra dos deputados eleitos pelo PS no Círculo Eleitoral de Castelo Branco, incluindo o cabeça-de-lista do PS, Nuno Fazenda. A proposta foi votada e aprovada, mas nunca executada. Um exemplo de puro revanchismo político.
Numa região a precisar de realizar escolhas importantes, a olhar para o futuro, continuamos a ter projetos de desenvolvimento do passado. Continuamos a batalhar pelo IC31. Aliás, existe algum beirão a ter dúvidas que se as eleições não tivessem sido marcadas, teríamos algum protocolo assinado para dar o pontapé de saída de mais um momento mediático? Quantas vezes, ela foi anunciada, concursos lançados, apresentações feitas? E, no fim, o que acontece? NADA. Uma mão cheia de NADA.
Tal como a construção da célebre Barragem do Alvito, neste momento, uma prioridade cada vez mais premente, neste contexto de falta de água. Uma obra prometida há mais de 50 anos. Uma miragem.
Esta tem sido a história do nosso distrito nos últimos 30 anos. Uma panóplia de promessas, mas NADA de conclusões. Muitas delas, ouvia-as na minha adolescência, mas nunca as vi concluídas na minha idade adulta. 
São as promessas por concluir, o combustível da desilusão deste Portugal, a madeira seca para o populismo crescer. É muito fácil apontar o dedo, criticar, sobretudo num pais governado, maioritariamente, nos últimos 30 anos por um bando de incompetentes. 
Nestes momentos, seria interessante olharmos para a História, sempre tão pragmática nas suas decisões. Sempre que escolhemos a sobriedade e o realismo dos nossos líderes, Portugal avançou. Por esta altura do campeonato eleitoral de 1985, o PSD aparecia nas sondagens em 4º lugar, bem atrás do PS, da APU e do CDS. O resto é história. Cavaco Silva venceu essas eleições, reforçando, dois anos, com a primeira maioria absoluta, o início do Portugal Europeu.
E, nós, os Beirões? O que iremos preferir? O homem que faz tremer as pernas dos banqueiros alemães ou o líder capaz de colocar Portugal a Acreditar?

Presidente da Distrital do PSD Castelo Branco 

luis.santos@psdcastelobranco.pt

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