O concelho de Vila Velha de Ródão esta a ser alvo de um estudo que visa determinar as reservas de água existentes nas serras de Talhadas e do Perdigão, entre os rios Tejo e Ocreza.
Estudo é coordenado pela geóloga Rosário Carvalho
O concelho de Vila Velha de Ródão esta a ser alvo de um estudo que visa determinar as reservas de água existentes nas serras de Talhadas e do Perdigão, entre os rios Tejo e Ocreza. Este novo estudo é coordenado pela geóloga Rosário Carvalho, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, especialista nas áreas de Hidrogeologia, Hidrogeoquímica, Geotermia e Ambiente.
Carlos Neto de Carvalho, coordenador científico do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO, explica que “num período em que o aquecimento global se reflete numa tendência de aridez para territórios como a Beira Baixa, este estudo vem ao encontro das necessidades apontadas pelo município de Vila Velha de Ródão de autonomia hídrica em períodos prolongados de seca, que se demonstrou terem um período de recorrência cada vez mais curto”.
O estudo é enquadrado no âmbito da tese de mestrado de Maria Elisa Moura, na qual a investigadora pretende “fazer o cálculo do volume de água que circula ao longo das serras das Talhadas e do Perdigão”, em torno das quais, “os habitantes das aldeias sabem da abundância de água de qualidade proveniente das fragas quartzíticas”.
De acordo com o comunicado enviado às redações, um dos mananciais mais importantes é “O Nascente”, que sempre abasteceu de água a população de Foz do Cobrão e que contribui decisivamente para a qualidade da nova zona balnear construída nesta aldeia, no Ribeiro do Cobrão.
Enquanto sítios de relevância geológica, a Fonte das Virtudes, próxima de Vilas Ruivas, e “O Nascente”, na Foz do Cobrão, “serão sujeitos a análises que permitam desenvolver um modelo de circulação subterrânea da água no maciço quartzítico. Para esse modelo, em que as investigadoras já se encontram a desenvolver trabalhos de campo, contribuirão igualmente todas as nascentes que, ao longo de séculos, têm abastecido com água de qualidade Vila Velha de Ródão e todas as localidades situadas, por essa razão, próximo do sopé dos alinhamentos montanhosos quartzíticos entre os rios Tejo e Ocreza”.
Com este estudo “será possível determinar a quantidade de água subterrânea disponível em função da distribuição da precipitação ao longo do ano e aplicar esse conhecimento na gestão municipal dos recursos hídricos”.
Recorde-se que “as montanhas quartzíticas se destacam na paisagem do Geopark Naturtejo, estando presentes nos sete municípios que constituem este território, designadamente Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão”.
O estudo resulta de uma parceria entre a Naturtejo, empresa intermunicipal responsável pelo Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, através do Instituto D. Luiz (IDL), e “demonstra a importância que as Geociências têm neste território para o reconhecimento e gestão sustentável dos recursos naturais, desde os recursos geológicos, à água e aos solos”. Este é também um contributo científico para “a implementação a nível local dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelas Nações Unidas até 2030, em especial o de alcançar o acesso universal e equitativo à água potável, segura e acessível para todos”. Deste modo, “pretende-se aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água para enfrentar a previsível, mas ainda mal quantificada, escassez de água em contexto dos impactes das alterações climáticas”.