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O perigo da Europa deixar de ser fraterna

Paula Custódio Reis - 28/04/2022 - 9:27

Nos últimos dias têm sido frequentes as críticas, na Assembleia da República, à entrada de imigrantes em Portugal. Ao mesmo tempo, a minha colega Nathalie de Oliveira, eleita pelo Círculo da Europa, nascida em França e filha de pais portugueses, mostra agitação e nervosismo à medida que nos aproximamos do dia da segunda volta das eleições naquele País.
Sou filha e neta de gente que nos anos sessenta emigrou para França à procura de condições de vida mais dignas e, por isso, ambas as situações me tocam de perto.
Acredito que o facto de Portugal sempre ter sido país de emigração e imigração, pode explicar a nossa vontade de viver em paz, a nossa tolerância e o nosso bem receber. Parece-me que esta nossa riqueza de diferenças também explica a criatividade, a inovação e a visão larga que se nos reconhece.
O que os partidos e movimentos populistas têm feito é tentar convencer os europeus que os imigrantes vêm roubar-nos recursos. Que usufruem de direitos que deveriam ser só das «pessoas de bem». Que vêm contribuir para o défice da Segurança Social. Mas estes populistas não dizem o que teria sido feito de uma europa destruída pela Grande Guerra sem a força de trabalho que entrou para a reconstruir. 
Gostava também de perguntar aos populistas do meu País se a minha geração, nascida em terras de emigrantes, teria podido aceder a uma educação que se tornou elevador social sem o contributo da melhoria das condições de vida de todos nós.
E a questão mais curiosa que me ocorre é a de tentar perceber se os mesmos que imitam comportamentos próprios de uma ditadura que empurrou tantos para fora do Portugal, vão continuar a fingir ignorância sobre o facto de dez por cento das contribuições para a Segurança Social serem provenientes de descontos de trabalhadores estrangeiros, neste ano de 2022. 
Mais que isso, a produção nacional em todos os seus setores não pode dispensar a vinda de trabalhadores, as nossas Universidades contam com muitos alunos não nacionais que contribuem para a evolução do conhecimento em Portugal, as escolas do ensino básico e secundário são fator de integração de meninos de várias línguas. O nosso Estado Social precisa de contribuintes. O País precisa de moradores.
Pergunto-me qual será a solução alternativa preconizada pela Senhora Le Pen e pelos seus amigos para a crise Demográfica da Europa. 
Espero não ver nunca esta senhora por em prática os seus ideais, porque o que a Europa precisa mais é de Fraternidade, Igualdade e Solidariedade, dando exemplo ao Mundo de como viver numa sociedade próspera para todos.

 

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