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Luís Correia: Presidente de Idanha "é um vendedor de ilusões"

Luís Correia - 07/11/2019 - 8:00

No exercício do Direito de Resposta, o presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco defende-se das acusações do autarca de Idanha-a-Nova e acusa-o de "patetice monumental".

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Luís Correia, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco

Tal que nem vendedor de ilusões, o presidente da Câmara de Idanha acusa-me, bem como ao o presidente do IPCB, de sermos “cúmplices” no que classifica como “um golpe de Estado” no Politécnico.

A notícia de manchete do jornal Reconquista, da edição da 31 de Outubro, acusa a Câmara Municipal de Castelo Branco e o seu presidente de promoverem e participarem num “golpe de Estado no IPCB”, a propósito da reorganização interna anunciada pelo Instituto Politécnico.

A acusação parte do presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, ao qual a jornalista autora da peça atribuí um conjunto de afirmações que reputo da maior gravidade, quer pelas falsidades que comportam, quer pelo desrespeito institucional que revelam.

Na verdade, é-me penoso – do ponto de vista pessoal, institucional e político – responder a outro autarca, que julgava estar mais empenhado na defesa da Região do que no protagonismo mediático. Apesar da relutância, considero não dever ficar calado.

Como o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova bem sabe, o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) é uma instituição com autonomia, governado pelos seus próprios órgãos.

Afirmar que o processo de reorganização do IPCB, com eventuais mudanças na Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova (ESGIN), é resultado de “uma estratégia política, delineada entre o presidente da Câmara de Castelo Branco e o presidente do IPCB” é não só uma patetice monumental, como, mais grave, é um atestado de incompetência aos órgãos do Instituto Politécnico, que na visão do presidente da Câmara de Idanha-a-Nova serão mais titubeantes que gelatina.

Nesta linha de argumentação, afirma também o presidente da Câmara de Idanha que o estudo realizado para reorganização do IPCB “não é credível”, uma vez mais porque foi nomeada uma comissão “à medida para ir de encontro de um caderno de encargos estabelecido entre os presidentes da Câmara e do IPCB”.

As afirmações do presidente da Câmara de Idanha-a-Nova são, na generalidade, um exercício de difamação, no qual todas as instituições e pessoas referidas são influenciáveis, sem qualquer brio profissional, nem respeito pelas suas convicções, dispostas a participar numa trama para prejudicar a Idanha e os idanhenses.

Ora, a verdade é bem diferente do que afirma.

O estudo de reorganização do IPCB tem um carácter científico-pedagógico, foi realizado por oito docentes, com representação de cada escola actualmente existente.

Como o presidente da Câmara de Idanha também sabe, o estudo identificou quatro cenários de reorganização e a decisão quanto ao modelo a adoptar foi tomada pelo Conselho Geral.

Não pelo presidente da Câmara de Castelo Branco.

Por isso, considero que a argumentação do presidente da Câmara de Idanha é básica e não passa de mais uma ilusão criada.

Todo o argumentário assumido, a generalidade das afirmações proferidas sobre o que diz ter sido a minha intervenção no processo de reorganização do IPCB, é revelador da má fé que motivou e esteve na origem desta intervenção pública.

Ao contrário do que tenta insinuar, não tive qualquer privilégio no acesso ao estudo, porque como bem sabe e como intencionalmente esconde, conheci o estudo sobre a reorganização do IPCB na qualidade de membro do Conselho Geral da instituição, no qual têm assento 25 pessoas, e não como presidente da Câmara de Castelo Branco.

Como bem sabe também, na reunião da Comissão Política Distrital do PS, não votei contra a moção aprovada na Assembleia Municipal de Idanha, pela simples razão de que, propositadamente, saí da sala.

E o senhor presidente sabe bem porque o fiz.

Foi para, justamente, não ser acusado do que me acusa agora, mesmo sabendo que a acusação é mentirosa e que em todo o momento procurei evitar uma situação de conflito entre pares.

Mas confesso-me cansado de que me seja injustamente apontado o dedo, pelo que o presidente da Câmara de Idanha não me deixa outra alternativa que não seja chegar ao fim da linha, à essência da questão.

 

Política básica

Vamos então à verdade. A mais verdades.

A verdade é que na reunião da Distrital do PS, quando fui confrontado com a Moção aprovada pela Assembleia Municipal de Idanha, entendi ser meu dever justificar aos presentes – incluindo o presidente da Câmara de Idanha - porque é que, no meu entender, a Moção não deveria ser votada nos termos em que era apresentada.

Ao contrário do que o presidente da Câmara de Idanha tem feito neste processo – como em tantos outros – não me limitei a discordar do documento que se pretendia levar a votação. Propus, em alternativa, que fosse redigida uma Moção de apoio à manutenção e reforço da escola do Instituto Politécnico de Castelo Branco em Idanha. Mas sem impor condições ao IPCB, que para isso tem autonomia.

Ou seja, defendi, como já fiz em outros fóruns e repetidamente, o reforço do Politécnico, em Castelo Branco e em Idanha-a-Nova, não me limitando apenas a argumentos básicos.

Como a minha proposta não colheu abertura por parte do presidente da Câmara de Idanha, fiz o que a minha condição de presidente da Câmara de Castelo Branco me impunha: saí da sala e esperei para conhecer a decisão da maioria.

Se o senhor presidente da Câmara de Idanha pretender continuar este duelo de verdade-mentira, ele poderá explicar o que se passou no resto da reunião da Distrital do PS, porque certo, certo, é que a Moção aprovada pela Assembleia Municipal de Idanha não foi votada.

Nem essa, nem qualquer outra.

Mas continuemos com a verdade.

Na também referida reunião da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, o presidente da Câmara de Idanha elogiou aberta e convictamente – pensava eu – o estudo realizado para reorganização do IPCB.

O busílis chegou depois. O estudo é bom – seria bom – se e sempre que a sede da escola se mantenha em Idanha.

Posteriormente, nas declarações que prestou ao jornal, o autarca esqueceu seguramente essa sua posição e o único facto que parece recordar é que eu fui o único dos seis presidentes de município a não concordar com a Moção aprovada pela Assembleia Municipal de Idanha, até porque a mesma já tinha sido ultrapassada pelos factos e explicações ocorridos.

E a minha posição justifica-se porque enquanto presidente da Câmara de Castelo Branco é minha primeira obrigação contribuir para o desenvolvimento e afirmação do Concelho que me elegeu, até porque – verdade de La Palice – reforçar Castelo Branco é defender o conjunto do nosso território.

A minha posição foi sempre inequivocamente de defesa da Região e, igualmente, de respeito pela autonomia do IPCB, uma instituição sobre a qual não me dispenso de expressar as minhas opiniões e mesmo de propor caminhos, mas no local adequado.

Mas relativamente ao tema há ainda outras verdades que, para aqui empurrado, é preciso revelar.

O que muda no IPCB

Ao contrário do que os leitores menos conhecedores destes assuntos podem ser induzidos a pensar e ao contrário do que o presidente da Câmara de Idanha pretende levar a concluir, a reorganização proposta pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco NÃO EXTINGUE o Ensino Superior em Idanha-a-Nova. Pelo contrário, propõe o seu reforço.

Vejamos então: O Instituto Politécnico de Castelo Branco tem, actualmente, seis escolas: Educação, Agrária, Saúde, Artes Aplicadas, Tecnologia e Gestão.

Cada uma destas escolas tem um espaço físico – um edifício sede – que desde o momento da sua construção acolheu os alunos de cada uma destas áreas e moldou/condicionou a oferta formativa do IPCB.

O modelo organizacional escolhido pelo Conselho Geral propõe a extinção destas seis escolas e a criação de quatro novas. Uma destas novas escolas integrará os cursos de Gestão existentes em Idanha-a-Nova (que aí se manterão) e os cursos de Informática, existentes em Castelo Branco.

Enquanto presidente da Câmara de Castelo Branco concordo com a decisão do Conselho Geral do Instituto Politécnico ter optado por este modelo de reorganização.

Enquanto autarca e enquanto cidadão acredito pelo que foi afirmado pelos membros do Conselho Geral, que esta é uma solução que defende os interesses de Castelo Branco, da Região, do nosso território como um todo, incluindo o interesse de Idanha e dos idanhenses.

O fundamental é o reforço do Instituto Politécnico no seu todo, não descurando qualquer um dos seus campus, seja em Castelo Branco ou em Idanha-a-Nova.

Este reforço deve ter em conta tudo aquilo que foi analisado no estudo científico-pedagógico feito pelo IPCB, avaliando igualmente todas as debilidades, mas também as oportunidades que se abrem com esta reorganização, não nos ficando apenas na defesa de chavões, não nos deixando influenciar por eventuais receios.

Considero que os cursos actualmente em Idanha se fortalecem com a ligação aos cursos de Informática, porquanto se abre um conjunto de oportunidades para o futuro.

Não fico refém de ilusões como o senhor presidente da Câmara de Idanha, nomeadamente quando afirma a estratégia diferenciadora, através do curso de Gestão Hoteleira, precisamente no momento em que deixou de ser Acreditado, deixando de poder de abrir vagas no próximo ano.

Não deixo de reconhecer, no entanto, o mérito da acção da Câmara de Idanha-a-Nova, quando procurou apoiar o referido curso.

Contudo, reforço que num momento tão importante como o da reestruturação do Instituto Politécnico de Castelo Branco não sejam avaliadas todas as variáveis e nos fixemos, apenas, em algumas destas ilusões.

Enquanto presidente da Câmara de Castelo Branco a minha postura será sempre a de contribuir para soluções que reforcem o IPCB, Castelo Branco e a Região, lamentando que esta não tenha sido a atitude do presidente da Câmara de Idanha.

 

Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco

COMENTÁRIOS

Maria Rita do Espítito Santo
à muito tempo atrás
Exmº. Sr. Presidente Luís Correia
Já o disse várias vezes e repito:
Sou orgulhosamente Beirã porque na Beira se integra Castelo Branco; orgulhosamente Albicastrense porque no distrito de Castelo Branco se integra Idanha-a-Nova.
Rejubilei, com a eleição do Presidente Albicastrense, rejubilei com a eleição do Presidente Idanhense, como rejubilei nas Legislativas com os resultados alcançados no Distrito, por entender que o desenvolvimento de cada concelho, contribui para o desenvolvimento de todo o Distrito.
Concluo agora, na sequência das suas tomadas e posição no que a Idanha diz respeito, que tenho andado enganada... Afinal para si, Sr. Presidente, *distrito* é apenas o "umbigo" da Cidade, que parece julgar ser só sua, mas que em boa verdade é também minha e de quantos habitam os diversos concelhos do Distrito. Ou então Idanha-a-Nova estará a ser banida do Distrito.
Garanto-lhe Sr. Presidente que eu, tal como qualquer um dos munícipes de Idanha-a-Nova ou de qualquer outro Concelho do Distrito, somos tão albicastrenses quanto o senhor. A menos que pretenda e se julgue investido de poderes, para também alterar a abrangência territorial do Distrito de Castelo Branco
Diz o Senhor Presidente: «Ao contrário do que os leitores menos conhecedores destes assuntos podem ser induzidos a pensar e ao contrário do que o presidente da Câmara de Idanha pretende levar a concluir, a reorganização proposta pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco NÃO EXTINGUE o Ensino Superior em Idanha-a-Nova. Pelo contrário, propõe o seu reforço.»
Sim, os leitores podem a estar a léguas de distância os seus conhecimentos… mas não são burros.
Como pode ser reforçada uma Escola criada por Decreto-Lei, que expressamente indica ter a sua sede em Idanha-a-Nova que agora se muda de Idanha para Castelo Branco, se lhe retira autonomia Administrativa, científica e pedagógica?
Não, não vai ser reforçada, vai ser um simples Polo de qualquer uma de Castelo Branco e deixar de ser uma escola independente tal como o Decreto-Lei a criou.
Não vale a pena baralhar as ideias convencido de que tapa o sol com a uma peneira.
Uma muito orgulhosa Albicastrense/Idanhense
Maria Rita do Espírito Santo.
jmarques
à muito tempo atrás
Srª D, Maria Rita: Não a conheço, mas dá para entender, é uma cidadã esclarecida e sem papas na lingua, ao contrário de quem, como diz pretende tapar o sol com a peneira.
Mas o Sr. só tem um sol, mas tem várias peneiras.
Maria Rita do Espírito Santo
à muito tempo atrás
JMARQUES
Obrigada pelas suas simpáticas palavras.
Estive entre o grupo de sonhadores que sonharam transformar um Polo da então ESTIG em Idanha-a-Nova numa escola com autonomia Administrativa, Científica e Pedagógica.
Muitos foram os velhos do restelo a julgar impossível que numa vila quase perdida na Beira, houvesse Ensino Superior. Mas como dizia Fernando Pessoa;- "Deus quer, o homem sonha e a obra nasce"
E a Escola nasceu por Decreto-Lei nº 153/97 de 20 de Junho, que extinguia a ESTIG e em seu lugar criava duas, com autonomia, ambas integradas no IPCB: - a EST com sede em Castelo Branco e a ESG com sede em Idanha-a-Nova
Aceitei muito honrada e com orgulho uma comissão extraordinária de serviço, com a missão de, com outra colega, instalar os seus Serviços Administrativos, Académicos e Auxiliares. Já estou reformada, mas é com muita dor que assisto àquilo que a muito curto prazo a leva à extinção. Tenho por experiência mais de 40 anos de serviços Administrativos. Tempo suficiente para saber que uma escola sem autonomia não tem futuro.
Mas há um ponto que não toquei no meu artigo anterior e que acho no mínima estranho: - O Presidente Luís Correia é um cooptado, tal como o Presidente Idanhense, o representante dos empresários e outros representantes da comunidade, com direito de voto, para fazerem parte do Conselho Geral do IPCB. Porque carga de água é que é um cooptado da comunidade a tornar pública a proposta de reestruturação do IPCB e não o seu Presidente?... Cá para mim das duas uma: - ou abuso de poder, ou está metendo a foice em seara alheia.
jmarques
à muito tempo atrás
Plenamente d'acordo.
Não tenho conhecimento de causa, mas tinha lido nas entrelinhas que quem falava/escrevia, tinha conhecimento de causa e sabia do que falava.
Maria Lisboa
à muito tempo atrás
IPCB's à parte... a teoria do "vendedor de ilusões" assenta que nem uma luva ao Presidente Armindo Jacinto que ilude famílias oriundas da urbe para o interior com falsas e variadas promessas, com "Recomeçar"(es) fantásticos e bem argumentados. Famílias que restruturam uma vida inteira, mudam a sua dinâmica para o interior porque ele prometeu, porque ele convidou, porque ele abriu portas e oportunidades,... e uma vez instalados, abrimos o saco de boas vindas que tão gentilmente nos ofereceu e está cheio de presentes envenenados.
Ficamos com encargos duplicados, sem emprego, sem perspectivas futuras, sem apoio dos familiares diretos que deixamos para trás e quando confrontado com as promessas feitas limita-se a ignorar-nos, a mentir-nos na cara, a dizer que nunca nos havia prometido nada.
Convido a Comunicação Social a investigar estas histórias, dos migrantes que se viram com mãos cheias de nada, dos muitos que tiveram de regressar, daqueles que tiveram de recorrer a apoios sociais como bens alimentares e rendimento social de inserção provocados por esta vinda para o interior. Deixo o desafio, de se analisar a fundo o "vendedor de ilusões da Beira Baixa".