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Pais em tempos de crises: Combate à pobreza a partir da infância

Mário Freire - 25/11/2021 - 9:40

Pretende integrar-se na Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2030, para além de várias medidas, a frequência da escolaridade obrigatória a partir dos 3 anos de idade, ou seja, logo desde o pré-escolar. 
Diga-se que esta intenção, se bem compreendida e executada por todos os agentes nela envolvidos, pode constituir-se num bom contributo nesse combate. Na verdade, é na infância que começa a construir-se a pessoa que virá a ser como adulto. Se é na família que essa construção começa, a escola pré-primária é um poderoso alicerce para que a criança adquira e desenvolva múltiplas capacidades em diferentes domínios. 
A educação pré-escolar deve ser inclusiva, isto é, ela pressupõe a igualdade de oportunidades e a valorização das diferenças humanas, contemplando, assim, as diversidades étnicas, sociais, culturais, intelectuais e físicas. 
A educação pré-escolar não serve para iniciar a criança na leitura e na escrita. A sua finalidade é a de fazê-la adquirir capacidades quer de natureza cognitiva, quer de natureza socio-afectiva que lhe permitam não só acompanhar as aprendizagens que lhes são exigidas como, igualmente, desenvolver outras, de sociabilidade, de organização, de cumprimento de regras, de compreender que nem tudo o que quer pode obter. Além disso, a criança, frequentando uma escola inclusiva, aprenderá a lidar com outras que, de diferentes maneiras, são diferentes de si.  
Ora, “é a partir de experiências activas que deve construir-se toda a actividade pré-escolar de aprendizagem. Estas experiências podem enriquecer-se por meio da linguagem e da representação não verbal.” Isto se dizia, já em 1987, no livro “A criança em acção”, em edição da Fundação Calouste Gulbenkian, da autoria de três norte-americanos, especialistas em educação. 
Tal significa que é através de actividades, devidamente programadas, que a criança, interagindo com objectos, com outras crianças e com o educador, desenvolve as suas capacidades e começa a incorporar valores de cidadania. Ela desenha, manipula objectos, finge e/ou imita comportamentos não verbais, executa movimentos e oralidades diversas, considerando várias situações, responde a questões que lhe são colocadas, enfim, envolve-se num sem número de circunstâncias de que o educador de infância, detentor do saber e das metas que pretende atingir, lhe vai proporcionar o desenvolvimento de todo o seu potencial, das suas diferentes capacidades, muitas das quais serão o suporte do seu comportamento como adulto.
Por isso, o combate à pobreza passa, em primeiro lugar, por dar a todos igualdade de oportunidades. E a educação pré-escolar e a sua extensão a todas as camadas sociais são passos fundamentais desse combate. Por isso, os pais tudo devem fazer, inclusive, reivindicando junto dos diferentes poderes, do central ao autárquico, para que os seus filhos dela não fiquem excluídos. 

freiremr98@gmail.com

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