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Pais em tempos de crises: Um estudo sobre a violência doméstica

Mário Freire - 04/10/2017 - 9:35

No passado dia 25 de Julho foram apresentados na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa os resultados de um inquérito sobre a violência doméstica. Estatisticamente representativo das mulheres e homens com 18 ou mais anos, residentes no município de Lisboa, este trabalho fornece informação até ao nível da freguesia e pretende ser um instrumento de prevenção e combate à violência de sexo que o Município de Lisboa pretende levar a cabo.
No que se refere aos homens, a violência tende a ocorrer em idades mais baixas e em espaços públicos. Além disso, os rapazes são mais vítimas de violência por parte do pai e da mãe do que as raparigas.
No que toca às mulheres, a violência tende a ocorrer em todas as idades, mais nos espaços privados, no seio da família ou nas relações íntimas. “A violência contra as mulheres é, fundamentalmente, baseada na desigualdade de género, nas relações de poder”, salienta-se no estudo. Quando se analisa apenas a violência dentro das relações de intimidade, abre-se um fosso, relativamente ao sexo: 23% das mulheres e 10,85% dos homens afirmam já ter sido vítimas, embora as mulheres continuem a silenciar 1/3 dos actos de violência de que sofreram. É nelas, também, que a violência tem maior impacto, traduzindo-se este na mudança de rotinas (52,9%), no desenvolvimento de problemas psicológicos (33,3%) e na existência de pensamentos suicidas (5%).
No estudo indicam-se alguns dos motivos que levam as mulheres a ter relutância em participar o que lhes aconteceu: não atribuir importância suficiente ao sucedido; não ter confiança no trabalho das entidades competentes; ter vergonha; esperar uma reconciliação.
A prevenção e o combate à violência têm que passar, segundo o coordenador do estudo, por garantir a protecção e o apoio imediato às vítimas e, ainda, a criação de um centro de atendimento que articule diversos serviços e que as ajude a “resolver os problemas nas suas múltiplas funções”.
Até que ponto os resultados deste inquérito são transferíveis para os restantes concelhos do País? Não se tendo uma resposta exacta, é provável que muito do que nele se contém possa ser aplicado ao restante território. E, talvez, as soluções propostas para proteger as vítimas não andem longe daquelas que poderiam ser implementadas ao nível do País. Trata-se de um desafio para as entidades competentes! 
freiremr98@gmail.com

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