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Pais em tempos de crises: Rumo a novos modelos paternos

Mário Silva Freire - 12/05/2022 - 9:38

A paternidade está a passar por mudanças profundas. Como é que os novos pais de hoje se definem em comparação com os de há 40 ou 50 anos? Que transformações ocorreram no desempenho do papel do pai? Eis questões que o jornalista alemão Marc Olano, há muito vivendo em França, especializado em assuntos de educação, formula e às quais tenta responder.
Desde o poder assistir ao nascimento dos seus filhos até ao maior envolvimento nas tarefas domésticas, muita coisa mudou na vida de um pai. Este reposicionamento do pai está ligado a um conjunto de transformações sociais, educacionais, jurídicas e culturais nos últimos anos.
Hoje as mulheres encontram-se em pé de igualdade no mercado de trabalho com os homens, pelo menos juridicamente. A generalização da contracepção e a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres mudaram as mentalidades. Houve um declínio abrupto nos estereótipos, relativamente aos papéis a desempenhar por cada um dos sexos. A presença das mães no trabalho fora de casa obrigou os pais a envolverem-se mais naquelas tarefas que tradicionalmente estavam atribuídas às mulheres. O papel paterno, antigamente identificado como o da autoridade e que garantia o sustento da família, está hoje muito menos explícito.
As transformações que se deram nas famílias também se repercutiram nos tipos de paternidade. Se no passado a família era quase sempre nuclear, nos últimos anos apareceram novas configurações familiares: monoparentais, famílias em que marido e mulher, em coabitação, sem ou com filhos, cada um deles coabita com os filhos do outro, provenientes de relações anteriores. Depois, há aqueles casos, como o que foi noticiado no jornal “Observador” de 27 de Junho de 2021, em que se diz que “pelo menos 16 casais de pessoas do mesmo sexo conseguiram adoptar uma criança desde que a lei foi alterada há cinco anos…”. Hoje, pode acontecer que uma criança se apresente com vários tipos de pais: um pai biológico, um padrasto, um pai adoptivo e um pai desconhecido.  Outras vezes, a figura paterna pode recair num avô, num tio, num amigo. O desejável (e importante!) é que a criança tenha uma figura paterna e uma figura materna na constelação familiar. De uma maneira geral, os pais gostam mais de jogos em que se valoriza o contacto físico, enquanto as mães enfatizam o contacto visual. Não está, no entanto, no conteúdo dessas brincadeiras e em outros papéis que pai e mãe desempenhem que levam a criança a não discriminar o pai da mãe, mas no modo como essas funções são desempenhadas. Tanto o pai como a mãe pegam no bebé ao colo; mas cada um o faz de maneira diferente. E é essa diferença e muitas outras que a criança vai percepcionando entre pai e mãe nas relações que têm com ela que irão contribuir para um seu desenvolvimento harmonioso, sob os pontos de vista físico e psicológico.
freiremr98@gmail.com

 

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