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Guerra na Europa: A Ucrânia a ferro e fogo

Florentino Beirão - 17/03/2022 - 9:34

Já vão para mais de quatro semanas que a guerra lavra na Europa, tendo sido declarada pela invasão da Rússia à Ucrânia, país independente e democrata. Com um saldo de mais de um milhão de refugiados e numerosos mortos e feridos de ambas as partes, a cada dia que passa estes números têm subido em todas as frentes. Esta maldita e escusada guerra, iniciada numa altura em que os países se encontram ainda a tentar vencer a longa pandemia, com as suas diversas variantes. Numa Europa que ainda luta em várias frentes, não há nervos que resistam a tamanhas provas de resiliência.
No momento em que escrevo, talvez se notem já, embora tímidos sinais de paz. Se o caminho para a alcançar, através de vários encontros entre as partes envolvidas, se encontra por enquanto aberto, os resultados ainda não são visíveis, devido às intransigências das partes. Perante este marasmo, até a China já se ofereceu para servir de mediadora no conflito. Um sinal positivo para que a Ucrânia e a Rússia cheguem a resultados satisfatórios para os seus países, envolvidos numa guerra da qual ainda não se vislumbra o fim.
Da parte da Ucrânia, através de uma entrevista dada pelo seu Presidente Zelenskii, a um canal de televisão americana, este já avançou com um compromisso quanto à Crimeia e para o Donbass que integra as regiões separatistas de Luganski e Donesk. Declarou ainda que a Ucrânia estaria disposta a recuar na sua pretensão de adesão da Ucrânia à NATO.
Por parte da Rússia, insiste-se no reconhecimento da independência das regiões separatistas e numa revisão constitucional que impeça a Ucrânia de poder vir a aderir à NATO, ficando obrigada a manter a sua neutralidade.
Estas linhas definidoras do que cada um dos países envolvidos pode ceder, ainda se encontram muito distantes do que é necessário para se poder colocar um ponto final neste conflito no qual cada vez há mais gente a sofrer as consequências desta maldita guerra, sobretudo as crianças, os idosos e as mulheres que deixaram as suas casas vazias.
Apesar deste tamanho sofrimento, temos que acreditar que este conflito tem de ter um ponto final porque nada justifica a invasão a um país, livre e independente, dono e senhor do seu futuro. Nada justifica também os sonhos expansionistas do autocrata Putin e dos seus generais que o acompanham nesta carnificina, à procura dos velhos tempos em que a Rússia mantinha o seu império, à custa de governos fantoches impostos pelo Kremlin. 
É verdade que neste momento, ainda estamos longe de conhecer o desfecho desta guerra. Mas sabemos que mesmo que a Rússia, pela magnitude das suas tropas e dos meios bélicos, que estão ser utilizados por esta potência, pode bem vir a ganhar esta guerra apesar de todos os países da Nato e da UE serem contra esta invasão. Vai ser muito difícil gerir os dias que se seguem à provável vitória das tropas russas que entraram numa fase de destruição dos edifícios públicos e habitacionais com esta invasão que viola não só a Carta das Nações Unidas, como os princípios da ordem e segurança europeia que ela assinou. E ainda a Ata Final de Helsínquia de 1975, a Carta de Paris de 1990 e a Declaração de Astana de 2010. A estas se junta ainda a violação do Acordo de Budapeste de 1994, em que a Rússia se comprometeu a respeitar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia em troca da sua desnuclearização.
Depois da invasão deste país e da força utilizada na Geórgia e na Crimeia, o Ocidente, a partir de agora, ficou a saber das intenções de Putin e dos seu generais, para levar por diante novas invasões que se podem estender desde os países bálticos, até ao mar Negro que confronta diretamente com sete países que já se encontram na órbita da NATO e da União Europeia: (Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Hungria, Eslováquia e Roménia).
Para já, a Rússia ameaçou alguns países neutros: a Suécia e a Finlândia. Perante esta conjuntura política, o grande desafio que se coloca à UE e aos Estados Unidos, segundo o politólogo Severiano Teixeira, “será de se fazer a arquitetura de segurança na Europa, e garantir a defesa contra a ameaça russa, sem entrar numa escalada militar com s Rússia, cujo sonho é tentar recompor o seu antigo Império.
florentinobeirao@hotmail.com

 

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